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Joana Marques

Bruno Borralhinho - A maestria em ouvir, comunicar e partilhar

Atualizado: 16 de abr.


Maestro e violoncelista Bruno Borralhinho, um homem de fato preto e batuta na mão

Por Joana Patacas, em 30 de março de 2024*


Numa viagem que transcende as fronteiras do convencional, o maestro e violoncelista Bruno Borralhinho emerge como uma figura proeminente no panorama da música clássica, trilhando um percurso marcado pela paixão, dedicação e um incessante desejo de aprender. A sua trajetória distingue-se não apenas pelo virtuosismo no violoncelo mas também pela sua capacidade de orquestrar emoções, dirigindo-as com a mesma maestria com que maneja o arco.


A sua influência e prestígio transcendem fronteiras, fazendo dele um dos nomes portugueses mais aclamados na Europa. Atualmente vive em Dresden, na Alemanha, mas isso não o afasta da sua missão em elevar a música portuguesa ao seu mais alto nível: 


"Bruno Borralhinho faz questão de permanecer embaixador da música portuguesa". in Público, 2018 

Desde a descoberta tardia de uma vocação até aos palcos internacionais, Borralhinho partilha connosco as memórias de uma jornada que o levou da serena Covilhã às vibrantes Berlim e Oslo, lugares onde se cruzou com mentores que moldaram não só a sua arte mas também a sua visão sobre a música e a vida.


Reconhecido não apenas pelos prémios que conquistou, mas pelo impacto profundo que teve em cada projeto em que se envolveu, Bruno é um testemunho da importância da resiliência, do trabalho árduo e da capacidade de ouvir – seja a música, seja o mundo à sua volta. 


Esta entrevista exclusiva à ProART, conduzida por Joana Patacas, revela o músico excecional que Bruno Borralhinho é e o ser humano por detrás do instrumento, alguém que vê na música um veículo para a comunicação, a partilha e a transformação social.


JP: Comecemos pelo início. Com que idade descobriu a sua paixão pela música? 


Bruno: Descobri a minha paixão pela música a partir do primeiro momento em que comecei a fazê-la, ou a estudá-la. Foi, relativamente tarde, aos 12 anos. Antes disso, claro, gostava de ouvir música e tinha os meus cantores, grupos ou músicas preferidas; mas, como qualquer jovem da minha idade, ou seja, não conhecia praticamente nada do mundo da música erudita ou clássica. 


JP: E porque é que decidiu fazer formação musical?


Bruno: A "culpa", neste caso, foi da minha irmã, porque ela já estudava piano no Conservatório, na Covilhã, e conhecia os vários instrumentos, repertório, o tipo de som e características. Na altura, a Escola Profissional ainda era uma novidade — só existia há dois anos —, e foi a minha irmã que me desafiou e encaminhou para experimentar a música e aprender violoncelo. Estou-lhe eternamente grato! 


JP: Ser violoncelista profissional foi uma escolha natural? Quando é que se apercebeu de que a música ia ser a sua profissão? 


Bruno: As coisas foram-se desenvolvendo de forma natural e, muito rapidamente, percebi que era mesmo aquilo que eu queria fazer no futuro. Claro que não tinha a certeza absoluta se ia realmente funcionar e se, anos depois, ia conseguir estabelecer e conquistar uma vida profissional — pelo menos, como eu a imaginava e desejava. Mas acreditar, sempre acreditei e, desde muito cedo, tentei conscientemente lutar por um lugar no mundo da música. 


JP: Porque é que decidiu continuar a sua formação musical na Universität der Künste em Berlim?


Bruno: Lembro-me de que, naquela altura, por volta da viragem do século, a maior parte dos músicos que ia para fora preferia a França, a Holanda ou a Inglaterra, por exemplo. Mas eu sempre tive um fraquinho pela Alemanha; queria conhecer e aprender nos mesmos lugares onde viveram Bach, Beethoven, Mendelssohn, Schumann, Brahms, e por aí fora. Berlim é uma cidade realmente especial e única, com uma história ímpar, que, em termos de meio cultural, me proporcionou excelentes condições e oportunidades para crescer e aprender. 


JP: Imagino que mudar da Covilhã para Berlim tenha sido um grande choque. Como foi essa transição na prática? 


Bruno: Sim, mas foi um choque extremamente positivo, e tentei aproveitá-lo ao máximo. Apesar de já viver há mais tempo em Dresden do que vivi em Berlim, esta última será sempre uma espécie de segunda casa, porque passei lá anos absolutamente fundamentais da minha vida e da minha formação como músico e como pessoa. 


JP: Também estudou em Oslo. Como foi essa experiência?


Bruno: Oslo foi uma opção claramente focada no violoncelista norueguês Truls Mørk. Não cheguei a conhecer tão bem a cidade quanto Berlim. Só ia mesmo para ter aula de violoncelo e partia logo a seguir. 


JP: E quais foram os professores que exerceram maior influência na sua trajetória musical durante o período de formação?


Bruno: Com certeza, os meus professores de violoncelo, principalmente o Luís Sá Pessoa, na Covilhã, e o Markus Nyikos, em Berlim, foram as minhas referências no violoncelo. Mas não só, pois aprendi imenso com eles não apenas sobre música, mas também sobre a vida em geral. Depois, estudei durante um ano com o Truls Mørk, que foi, e será sempre, um ídolo. Digamos que foi a cereja em cima do bolo. E, embora isto possa soar um pouco “clichê”, é a verdade: todos os professores são importantes e fazem parte de uma construção e de um caminho. Tive excelentes professores de História ou Português, no ensino secundário, que nunca esquecerei e que também me marcaram.


JP: Obteve o 1.º Prémio no Concurso de Instrumentos de Arco Júlio Cardona em 1999. Foi a sua primeira grande conquista ou reconhecimento no mundo artístico? 


Bruno: Foi, com certeza. Por ter sido na minha cidade natal, teve um sabor muito especial, e também foi uma grande motivação para os anos seguintes. Embora eu não me canse de repetir que o melhor dos concursos nem é o resultado final, mas sim a evolução nesse curto espaço de tempo de preparação. Aquela motivação e pressão de querer estar a um nível tão alto quanto possível, faz-nos provavelmente crescer a um ritmo mais elevado do que o habitual. Voltando ao Concurso Júlio Cardona, que, infelizmente, deixou de se fazer, lembro-me de que, com o dinheiro do prémio, comprei o meu primeiro telemóvel... um desperdício, porque na altura, em 1998, os telemóveis serviam para telefonar e pouco mais. Se tivesse comprado partituras e gravações, teria sido bem mais inteligente. 


JP: Considera que os prémios que foi conquistando contribuíram para moldar a sua trajetória profissional e abrir novas portas no mundo da música? 


Bruno: Para ser sincero, nunca fui grande fã de concursos. Hoje em dia, incomoda-me ver como, por vezes, mais parecem concursos de circo, onde se valorizam os malabaristas e se desvalorizam os verdadeiros músicos ou artistas; mas enfim. O Prémio Jovens Músicos foi muito importante, claro. Deu-me visibilidade em Portugal, toquei a solo com a Orquestra Gulbenkian, e o prémio foi um violoncelo muito bom, com o qual toquei vários anos. Mas, a minha história, neste capítulo dos concursos, é fácil de resumir: participei em quatro concursos ao longo da minha trajetória, sendo que ganhei dois e perdi outros dois. No entanto, tenho a certeza absoluta de que os concursos que perdi me ajudaram muito mais a amadurecer e a crescer do que os que ganhei. 


JP: E quais foram os maiores desafios com que se deparou ao longo da sua carreira? 


Bruno. Diria que decidir ser músico profissional, nos dias de hoje, é, por si só, um grande desafio. Há que evoluir permanentemente, estar sempre disponível para aprender e enriquecer conhecimentos e aptidões. Nunca ficar parado e acomodado; caso contrário, a carreira estagna. A música não é algo que se aprende durante os estudos e que, depois, podemos aplicar infinitamente e sempre da mesma forma. Claro que há questões técnicas que, algures, aprendemos e que nos servem de base; mas, depois, movimentamo-nos num mundo em constante transformação, e é incrível como podemos encarar a mesma obra de formas tão diferentes, se a abordamos em fases distintas da vida. É extremamente interessante como as pessoas, e o mundo à nossa volta, podem moldar essa mesma abordagem. 


JP: Há algum projeto do qual se sinta particularmente orgulhoso?


Bruno: Felizmente, não me recordo de nenhum projeto em que tenha participado ou tido responsabilidades mais diretas, do qual não esteja de alguma forma orgulhoso. Por outro lado, tento que cada concerto, obra ou projeto do presente sejam os mais importantes do mundo. Tento dedicar-me e entregar-me sempre com energia e rigor, seja a dirigir ou com o violoncelo. 


JP: E existe algum que tenha sido especialmente marcante? Algum que queira destacar? 


Bruno: Talvez, por ter sido menos convencional e por ter realmente levado a alegria da música à vida real, destaco aqui um projeto que dirigi há uns anos numa favela em São Paulo. Lá, tive a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas, maravilhosas mesmo, mas com problemas existenciais extremos, cuja motivação diária é a pura sobrevivência. O brilho nos olhos dessas crianças e adultos, durante os momentos em que fizemos música juntos, não tem paralelo. Conforta-me imenso que a música os tenha feito esquecer os problemas diários, pelo menos durante aqueles breves, mas deliciosos, momentos musicais. 


JP: Tendo colaborado com músicos de prestígio internacional, existe alguma colaboração que tenha sido particularmente memorável ou desafiadora? 


Bruno: Como violoncelista, guardo num lugar especial da memória o trabalho com Claudio Abbado e Daniel Barenboim; se bem que, com Abbado, só tive oportunidade de tocar durante duas ou três semanas, como membro da Orquestra de Jovens Gustav Mahler. Com Barenboim, trabalhei durante vários anos na Staatskapelle de Berlim e guardo memórias de momentos realmente mágicos. Embora também guarde memórias de outros momentos muito desagradáveis – não comigo, mas com a orquestra em geral –, porque ele não é uma pessoa fácil. Como maestro, adorei trabalhar, por exemplo, com a Camilla Nylund, que tem uma voz incrível e uma forma também incrivelmente natural de fazer música. Aliás, devo dizer que gosto muito de dirigir e de trabalhar com solistas cantores, em geral. 


JP: É evidente que dirigir é também uma paixão. Como é que se tornou maestro de orquestra?  


Bruno: Na verdade, tudo começou por mera coincidência num programa em que ia tocar a solo, e me pediram para assumir a direção musical porque o maestro, afinal, tinha arranjado um "gig" melhor. Na altura, tentei fazer o melhor que pude, mas há muito tempo que não consigo nem olhar para esses vídeos... A verdade é que essa experiência me despertou uma enorme curiosidade, porque tive sensações e emoções que nunca tinha experimentado antes com o violoncelo. Mesmo em termos físicos e de expressão corporal, para mim, foi uma descoberta fascinante, pelo que não podia parar por ali. Coloquei, literalmente, as mãos à obra, e decidi estudar calmamente a técnica e absorver o mais possível em termos práticos, em cada oportunidade que me ia surgindo. 


JP: Após essa experiência inicial, que descreveu como uma coincidência marcante, como foi o processo de transição e aprendizagem para se tornar um maestro profissional?  


Bruno: Confesso que ser instrumentista de uma orquestra profissional também me ajudou imenso, porque comecei a observar os maestros regularmente, de uma forma mais analítica e concentrada. É uma experiência fantástica poder estar uma semana de um lado e outra do outro. É imperativo conhecer bem a partitura e o contexto da obra; ter um conceito claro; ter uma técnica clara e útil para aplicar ao serviço da partitura e da orquestra; e é essencial ter em conta toda a componente social e comunicativa com os músicos que estão à nossa frente. Estamos sempre a aprender e a deparar-nos com situações novas e imprevistas, pelo que é importantíssimo conhecer o "outro lado" e respeitá-lo, saber quais são as preocupações e expectativas da orquestra, do coro, dos solistas ou mesmo do público. 


JP: E houve algum maestro que o influenciou nessa decisão de enveredar pela direção de orquestra? 


Bruno: Na decisão, não; mas no caminho que tenho feito desde a decisão até ao presente, sim, sem dúvida. Por falta de tempo e pela idade, já não conseguia estudar oficialmente direção de orquestra numa universidade. Até porque na Alemanha exigem um nível pianístico muito alto, ao qual eu não ia conseguir corresponder. No entanto, tive uma ajuda absolutamente preciosa de três mentores, todos eles muito diferentes, mas com os quais aprendi muito. Em primeiro lugar, Christian Kluttig, que foi um maestro importantíssimo na Alemanha Oriental (RDA) e, posteriormente, professor de direção em Leipzig e Dresden, entretanto reformado. Foi um apoio incrível, e aprendi com ele toda a base técnica que, aliás, ele domina com real maestria; é um Kapellmeister [mestre de capela] à antiga. Depois, Juanjo Mena, que foi uma inspiração incrível, pois partilhou comigo experiências e segredos que maestros a este nível não partilham nem com a própria sombra, ajudando-me muito a perceber o que é isto de estar no pódio ao serviço da música. Aprendi imenso repertório como assistente dele em Londres, Madrid, Bamberg, Bilbau e por aí fora. Por último, mas não menos importante, Jorma Panula, com quem tive o privilégio de estudar em duas masterclasses. Ele é absolutamente fantástico, sabe exatamente o que cada um deve ou não fazer e é um verdadeiro guru da direção de orquestra, tendo formado uma grande parte dos melhores maestros da atualidade, como o Klaus Mäkelä, Mikko Frank, Esa-Pekka Salonen, Sakari Oramo, entre tantos outros. Por exemplo, o Hannu Lintu, que é atualmente titular da Orquestra Gulbenkian, também estudou com Panula em Helsínquia. 


JP: Com uma carreira tão diversificada, incluindo experiências como solista, músico de orquestra, músico de câmara, maestro e diretor artístico e musical, como equilibra estas diferentes facetas da sua vida profissional? 


Bruno: É cada vez mais difícil, por questões de tempo e organização, mas continuo a tentar conciliar todas as vertentes. Não sei até quando conseguirei, mas acho muito saudável ter uma atividade e uma carreira multifacetada e variada. Confesso que tenho alguma aversão a rotinas, porque acho que facilmente se podem tornar contraproducentes. Quando falo em rotinas, não me refiro à regularidade ou continuidade; refiro-me, sobretudo, ao lado mais negativo de uma rotina: o risco de entrar em modo de "piloto automático" e, até inconscientemente, não desfrutar de cada momento como se poderia ou deveria. 


JP: Como diretor artístico do Ensemble Mediterrain e diretor musical do Beyra – Ensemble Orquestral, quais são os seus principais objetivos e visões para estes grupos? 


Bruno: São dois projetos completamente distintos. O Ensemble Mediterrain (EM) foi fundado e tem sido dirigido por mim ao longo dos últimos 24 anos. O seu propósito é reunir grandes músicos e amigos para fazer música ao mais alto nível. O caráter "livre" do EM distingue-se claramente da estrutura mais tradicional do quarteto de cordas, que pode estar junto há décadas. Há exemplos felizes nesta formação, mas conheço casos em que, apesar de o quarteto tocar incrivelmente bem, os músicos pessoalmente não se suportam. Isto, comigo, nunca funcionaria. O EM apresenta-se em formatos variados, desde trio a orquestra de câmara, e, embora exista uma lista de convidados principais, raramente repetimos o elenco inteiro. Trabalhamos sempre por projeto, concentrando-nos intensivamente durante três ou quatro dias antes do concerto, dependendo do programa específico. 


JP: E o Beyra – Ensemble Orquestral? 


Bruno: Este é um projeto com músicos jovens para o qual fui convidado. A ideia partiu de dois amigos, o Filipe Quaresma e a Vanessa Pires, com os quais tem sido um prazer trabalhar. A ideia é muito boa: proporcionar aos jovens músicos uma experiência rigorosa e altamente profissional na fase da vida em que estão a acabar os estudos, ou seja, num momento crucial. Temos alcançado uma qualidade realmente muito alta nos vários projetos que realizámos. Os resultados têm sido de elevada qualidade, refletindo uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos. Os músicos são tratados e recompensados como profissionais, com cachets até superiores aos de algumas orquestras profissionais ou semiprofissionais. Normalmente, os estágios duram cerca de uma semana, durante a qual lhes é oferecida uma orientação muito útil sobre o ritmo e o rigor que uma possível vida profissional futura exige. 


JP: Fale-nos um pouco sobre a sua tese de doutoramento «Poder y Música Clásica en el Portugal del siglo XX», que inclusivamente já foi publicada em livro.


Bruno: A minha investigação esteve dedicada apenas ao século XX, que, entretanto, já vai longe. O que posso dizer é que aprendi muitíssimo sobre o tema, sobre o meio musical português, e a forma como se foi transformando — ou não — ao longo do século passado, e em função dos diferentes sistemas políticos instalados: monarquia, primeira república, ditadura e democracia pós-25 de Abril. Nesse aspeto, foi uma investigação extremamente enriquecedora, que fiz questão de realizar no estrangeiro. Parece-me ridículo o pouco que se sabe no estrangeiro sobre a história contemporânea de Portugal e sobre o meio musical português. 


JP: Há alguma curiosidade ou facto interessante sobre si que gostaria de partilhar? Quais seus passatempos ou atividades de lazer? 


Bruno: Por um lado, tenho a impressão de que vivo 24 horas por dia para a música; por outro, às vezes, preciso mesmo de desligar e fazer uma espécie de “reset”, para poder atacar o próximo desafio com toda a energia. Não é especialmente interessante, mas, quem não me conhece, costuma ficar admirado: gosto muito de futebol e, todos os dias, "folheio" (online) os três principais jornais desportivos portugueses. Não vou dizer qual é o meu clube do coração, mas é um dos três grandes portugueses, e de vermelho ou de azul não vestem, de certeza! 


JP: O que espera alcançar nos próximos anos? 


Bruno: Sinceramente, nunca faço planos a médio ou longo prazo. Estou a fazer coisas, hoje em dia, que, há 15 anos, não imaginava que ia fazer. O importante é estar feliz com o que faço no presente e ter orgulho do que fiz no passado. Costumo dizer que cumpri, algures, o sonho de tocar numa das melhores orquestras do mundo e, a partir daí, são tudo bonificações. Mas claro, sou ambicioso e, além disso, sou um inconformado e quero sempre mais. Não vou parar de tocar violoncelo e ainda espero fazer umas coisas giras como solista; mas, agora mesmo, a máxima motivação é com a direção de orquestra, até porque é o caminho no qual sinto que posso evoluir mais. 


JP: E considera um regresso a Portugal no futuro? 


Bruno: Sobre um regresso a Portugal, claro que penso muitas vezes nisso e falo muitas vezes sobre essa possibilidade com a minha esposa; mas somos um “pack” de quatro (temos dois filhos maravilhosos) e só tomaria certas decisões se fossem aprovadas unanimemente pelo quarteto. Com o violoncelo, é muito improvável; só consideraria essa possibilidade se fosse para dar aulas numa universidade e, mesmo assim, seria muito difícil. Como maestro, poderia ser interessante, mas teria de ser para abraçar um projeto realmente ambicioso e de qualidade, onde me sentisse útil e cuja motivação e objetivos fossem comuns a todos os intervenientes. Quem sabe… 


JP: Há alguma lição importante que aprendeu ao longo da sua carreira que gostaria de partilhar com outros músicos e maestros em ascensão? 


Bruno: Hoje em dia, não há grandes segredos por desvendar. Eu diria que o essencial é não desistir, acreditar e trabalhar muito, porque o talento, só por si, tem limites. Ser honesto e estar sempre disponível para aprender e ouvir as pessoas, e o que se passa à nossa volta, é crucial. Porque a música é isso mesmo: saber ouvir, comunicar, partilhar.


Fotografia de perfil de Bruno Borralhinho por Björn Kadenbach

*Entrevista ao maestro Bruno Borralhinho originalmente publicada em www.proart.art.

Joana Patacas - Assessoria de Comunicação e de Conteúdos


Quer saber mais? Veja abaixo uma das suas memoráveis conduções orquestrais:



Pode encontrar mais informações sobre Bruno Borralhinho em:


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