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Joana Marques

Agostinho Sequeira - O jovem virtuoso que transforma a percussão em magia

Atualizado: 16 de abr.


Percussionista Agostinho Sequeira, um jovem de camisola de gola alta branca

Por Joana Patacas, em 17 de março de 2024*


O ritmo é a linguagem universal do percussionisto, e há artistas que se destacam por falar essa língua com uma mestria incomparável. Agostinho Sequeira, um nome incontornável no panorama da percussão portuguesa, é um desses virtuosos.


Nascido em 1998 em Almada, destaca-se como um narrador exímio através da percussão. A sua viagem musical teve início em Lisboa, na Escola Profissional Metropolitana, sob a orientação dos mestres Marco Fernandes, Andreu Rico e Miguel Herrera. Contudo, não tardou que o seu talento e busca incessante por aperfeiçoamento o conduzissem ao prestigiado Conservatorium Van Amsterdam em 2016, onde aprendeu com renomados percussionistas como Nick Woud, Arnold Marinissen e Peter Prommel.


Elevou a sua arte a patamares de excelência reconhecidos internacionalmente quando venceu o prestigiado concurso “Tromp International Percussion Competition” em Eindhoven, tendo também recebido o prémio da imprensa e do público.

"Há uma sensação de magia na sua atuação, e um empenho absoluto", escreveu o júri do 50º Concurso Internacional de Percussão Tromp em 2020 (Wonderfeel, 2022).

Esta vitória, que acabou também por ser a vitória dos percussionistas portugueses, culminou uma série de reconhecimentos anteriores, como o “Prémio Jovens Músicos”, em 2014, na categoria de percussão – nível médio –, sendo posteriormente aclamado com o prémio “Maestro Silva Pereira - Jovem Músico do Ano de 2016”. Foi bolseiro da Fundação Jan Pustjens, em 2017, e no ano seguinte ganhou o 1º prémio no “Concurso Internacional de percussão de Gondomar”. Em 2019, foi admitido no concurso internacional de música ARD, a maior competição internacional de música clássica na Alemanha, onde alcançou a segunda ronda.


Também já atuou como solista com a Orquestra Gulbenkian, Het Ballet Orkest Amsterdam, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica Ensemble e a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Amesterdão.

“Combinamos a diversidade e a flexibilidade das nossas origens pessoais e do nosso próprio instrumento para criar uma experiência que toca o ouvinte de uma forma espiritual. A percussão pode ser encontrada em todos os cantos do mundo e tem um poder primordial que fala a todos nós.”, Agostinho Sequeira sobre o grupo 'On The Run' (Splendor Amsterdam, 2022)

Atualmente a viver em Berlim, Agostinho foca-se maioritariamente em repertório de percussão solo e música de câmara colaborando com diversos ensembles entre os quais Toonzetters ensemble, Amsterdam Sinfonietta, Ereprijs ensemble e ICK Dans Amsterdam.


Nesta entrevista exclusiva à ProART, concedida a Joana Patacas (JP), Agostinho Sequeira, o mago da percussão conta-nos como é que a música entrou na sua vida, fala-nos dos principais desafios que enfrentou na sua carreira e dos seus planos para o futuro.


JP: Olá Agostinho! É um privilégio tê-lo aqui para esta conversa. Conte-nos, quando é que descobriu a sua paixão pela arte?


Agostinho: Olá, Joana, eu é que agradeço o convite. Desde que me lembro, estou ligado à arte e, em particular, à música. O meu pai é músico e, por isso, desde pequeno comecei a tocar bateria, o que eventualmente me encaminhou para o universo da percussão erudita.


 JP: O seu pai foi a sua maior influência? 


Agostinho: Sim, sem dúvida. Agradeço ao meu pai por me ter aberto as portas para que a arte se tornasse a minha vida. Em termos gerais, no mundo da percussão, as pessoas que mais me inspiram são Pedro Carneiro e Peter Prommel, entre outros.


JP: Quais foram os maiores desafios enfrentados na sua carreira artística? 


Agostinho: Deixar Portugal pela Holanda com apenas 18 anos foi um grande desafio, tanto a nível artístico como pessoal. Numa altura em que começava a ganhar algum reconhecimento em Portugal e a entrar no mercado de trabalho, foi, no fundo, um recomeçar do zero num país onde era completamente desconhecido e onde tive de trabalhar muito para conseguir ter oportunidades. 


JP: Qual foi a sua primeira grande conquista ou reconhecimento no mundo artístico? 


Agostinho: Em Portugal, diria que foi o Prémio Maestro Silva Pereira – Jovem Músico do Ano de 2016. Mas o momento mais significativo da minha carreira foi ter vencido o Tromp International Percussion Competition de Eindhoven em 2020. Marcou um ponto alto, que refletiu todo o esforço e  dedicação que tenho investido na percussão ao longo dos anos. 


JP: E há alguma performance, obra ou projeto do qual se sinta particularmente orgulhoso? 


Agostinho: Sim, várias. Tocar a solo com a Orquestra Gulbenkian em 2017 foi marcante para mim, tal como um recital a solo no Centro Cultural de Belém em 2018. Na Holanda, destaco a oportunidade de tocar a solo com a Het Ballet Orkest em 2021 e, mais recentemente, em 2022 / 2023, a oportunidade de apresentar as minhas performances na Muziekgebouw em Amesterdão e Eindhoven. Desde 2022, integro um grupo chamado Toonzetters, composto por dois pianistas e dois percussionistas. Com este grupo, realizámos cerca de 20 performances e gravámos um CD que inclui 20 obras de três minutos cada, comissionadas a 20 compositores emergentes. 


JP: Há alguma curiosidade ou facto interessante sobre si que gostaria de partilhar? 


Agostinho: Nasci e cresci em Portugal, mas a família do lado do meu pai tem origens em Goa, Índia. 


JP: Quais seus passatempos ou atividades de lazer? 


Agostinho: Praticar e ver desporto, viajar e assistir a espetáculos. Tenho um fascínio por ópera, mas também interesse noutros estilos musicais, entre os quais bossa nova, e por bandas como Pink Floyd e The Beatles. 


JP: O que espera alcançar nos próximos anos? 


Agostinho: Espero ter mais oportunidades para apresentar as minhas performances, que se centrarão em temáticas muito específicas, como "From Beatles to Stockhausen", que explora a ligação entre os Beatles e compositores eruditos; "In Touch", que é uma performance sobre a ligação entre o nosso ser interior (alma) e o nosso ser social; e "Revolution 19", uma performance inspirada na filosofia Ubuntu: "Eu sou porque nós somos". Paralelamente, pretendo contribuir para o desenvolvimento da percussão enquanto instrumento solista em orquestra, através do incentivo à criação de novos concertos para percussão. 


JP: Há algo em especial que queira partilhar com o seu público ou uma mensagem que deseja transmitir? 


Agostinho: Gostava muito que fossem ver um concerto de percussão. Acredito que vão ficar surpreendidos com o que este instrumento oferece: diversidade, surpresa, energia, delicadeza e uma relação muito primária com a nossa existência enquanto humanos.


Entrevista ao mago da percussão Agostinho Sequeira publicada orginalmente em www.proart.art/notícias

Joana Patacas - Assessoria de Comunicação e de Conteúdos


Quer saber mais? Veja e ouça abaixo uma das suas belas apresentações: 




Poderá encontrar mais informações sobre Agostinho Sequeira em:

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