O Palácio da Ajuda, em Lisboa, acolhe uma versão semi-encenada do oratório Morte e sepoltura di Christo do compositor Antonio Caldara (1670-1736), executada com instrumentos históricos
Com entrada livre, no dia 30 de novembro, às 16h00, na Sala D. Luís, a orquestra barroca Harmonia del Parnàs, um dos mais prestigiados agrupamentos de música antiga de Espanha, apresenta uma interpretação do oratório Morte e sepoltura di Christo que se baseia na transcrição do manuscrito original feita pela musicóloga e fundadora do ensemble Marian Rosa Montagut.
Sobre o espetáculo
Composta em 1724 para a celebração da Quaresma na corte de Carlos VI em Viena, a obra Morte e sepoltura di Christo distingue-se por não seguir a tradicional narração da Paixão e Morte de Cristo. Em vez disso, concentra-se em expressar, através das diversas árias, os sentimentos e emoções das personagens em relação aos eventos que envolvem Cristo, oferecendo uma narração musical dos afetos desde a paixão até à morte.
“O público pode esperar uma fusão de música barroca com elementos cénicos modernos que prometem uma viagem emocional intensa.”
Numa produção da ProART, inserido no Lisbon Performing Arts Summit: Raízes Ibéricas, este programa dedicado ao património religioso ibérico do período barroco, tem como convidada especial a aclamada soprano espanhola Belén Roig. Acompanham-na Hiro Kurosaki como violino concertino e Manuel Muñoz no segundo violino, ambos com uma sólida reputação na execução de música barroca. Nuno Mendes contribui com a sua experiência na viola, enquanto Justo Sanz se destaca ao tocar o chalumeau, um instrumento raro em composições da época contemporânea. Guillermo Martínez, no violoncelo, e Marian Rosa Montagut, no cravo e no órgão, completam este agrupamento, assegurando uma interpretação autêntica e expressiva da obra de Caldara.
“A oportunidade única de ouvir o chalumeau é uma das muitas razões para não perder esta apresentação.”
A performance cénica do oratório Morte e sepoltura di Christo foi apresentada pela primeira vez em março de 2024 no Palau de la Música de Valência. Marian dedicou um ano e meio a transcrever a obra a partir da partitura original, um processo meticuloso que foi essencial para manter a integridade histórica da música. Este trabalho incluiu o uso de instrumentos autênticos restaurados e a adaptação dos papéis vocais, atribuindo os tradicionais papéis femininos – originalmente interpretados pelos castrati italianos Domenico Genovesi e Giovanni Carestini – a mulheres.
O Harmonia del Parnás e outras produções
Fundado em 2003 pela musicóloga, cravista e diretora artística, o Harmonia del Parnás é um ensemble musical espanhol especializado na execução de obras compostas antes de 1800, com particular ênfase na música hispânica dos séculos XV a XVII. Com uma extensa discografia dedicada à preservação da música valenciana e atuações em prestigiados festivais por toda a Europa e América, o ensemble é reconhecido pela sua capacidade de harmonizar a rigorosa musicologia histórica com a criatividade musical, visando uma representação autêntica e inovadora do repertório antigo.
Este oratório é a terceira produção semi-encenada pelo ensemble. Em 2023, o ensemble executou em Peñíscola a recriação musical da fábula Endimión y la luna, de Gaspar Aguilar, e em Córdoba (Argentina) a ópera Los elementos, de Antonio Literes.
Programa
Oratório Morte e sepoltura di Christo (seleção)
Estreada em Viena a 23 de março de 1724
Antonio Caldara (c.1670-1736)
HARMONIA DEL PARNÀS
Marian Rosa Montagut, direção artística
Belén Roig, soprano
Hiro Kurosaki, violino concertino
Manuel Muñoz, segundo violino
Nuno Mendes, viola
Justo Sanz, chalumeau
Guillermo Martínez, violoncelo
Marian Rosa Montagut, cravo e órgão