Por Joana Patacas*, em 27 de agosto de 2024
João Barradas é um dos acordeonistas mais proeminentes e inovadores da Europa, com uma carreira notável que abrange tanto a música clássica como o jazz e a improvisação. Conhecido pela sua versatilidade e profundidade musical, Barradas tem vindo a redefinir o papel do acordeão no panorama musical contemporâneo.
“De facto, embora a missão da série ECHO seja trazer até si os principais artistas do futuro, Barradas é já uma espécie de superestrela. Determinado a reescrever as regras sobre o que um acordeão pode fazer, move-se com estilo sem esforço entre os mundos do jazz, clássico, folk e improvisação.” – in Barbican
Começou a estudar acordeão com seis anos e aos nove entrou no Conservatório Nacional, onde se formou com a nota máxima de 20 valores. Ao longo da sua trajetória, acumulou uma série de conquistas impressionantes. Vencedor de alguns dos mais prestigiados concursos internacionais, como o Troféu Mundial de Acordeão (por duas vezes), a Coupe Mondale de Acordeão, o Concurso Internacional de Castelfidardo e o Okud Istra International Competition, estabeleceu-se como um dos principais nomes do instrumento.
“Um novo nome a ter em conta foi o do acordeonista João Barradas, que é uma das estrelas em ascensão de uma cena jovem e muito interessante do jazz português. A sua música oferece estrutura e liberdade, frescura e ondas excitantes de melodias e ritmos.” – in Jazzwise
Unanimemente aclamado pela crítica, a sua habilidade para transitar entre diferentes géneros musicais levou-o a colaborar com orquestras de renome, como a Orquestra Filarmónica de Londres e a Sinfónica de Hamburgo, sob a batuta de maestros de destaque como Edward Gardner e Sylvain Cambreling. Barradas também se apresentou em algumas das mais conceituadas salas de concerto do mundo, incluindo a Wiener Konzerthaus e a Fundação Calouste Gulbenkian.
No universo do jazz, João Barradas é igualmente respeitado. Gravou para a prestigiada editora nova-iorquina Inner Circle Music e colaborou com diversos músicos de renome, como Greg Osby, Gil Goldstein, Fabrizio Cassol, Mark Colenburg, Jacob Sacks, Sérgio Carolino e Pedro Carneiro.
“Barradas enfatiza os atributos harmónicos do acordeão como forma de dar uma presença nebulosa às melodias e uma graça fluida à locomoção. Com um quinteto composto por acordeão, saxofone tenor, vibrafone, contrabaixo e bateria, Barradas faz com que a peça convencional soe um pouco estranha, e faz com que o estranho soe como algo estranhamente familiar”. – in Bandcamp [sobre o álbum Portrait]
Nos próximos tempos, Barradas está a preparar uma série de projetos que prometem continuar a expandir os limites do acordeão. No futuro próximo, estará focado em programas com orquestra na área da música clássica e na área do jazz está a preparar a gravação do seu próximo disco. Em breve dará início a uma nova residência na Casa da Música, no Porto, depois de ter terminado a residência com a Symphoniker Hamburg, na Alemanha
“Uma das razões pelas quais João Barradas se destaca das fileiras bastante reduzidas de virtuosos acordeonistas de jazz é o seu gosto pela aventura. Ao mesmo tempo, as suas raízes estão intactas e enraizadas nas tradições do jazz e do clássico.” – in Downbeat [sobre o álbum Directions]
Nesta entrevista exclusiva à SMARTx, terá a oportunidade de conhecer melhor a trajetória de João Barradas, desde as suas primeiras experiências musicais até se tornar um dos acordeonistas mais aclamados da atualidade.
Como é que a música entrou na sua vida?
A minha primeira memória musical envolve um teclado Casio Rapman. A minha mãe conta que eu até dormia com ele na cama. Adorava aquele brinquedo. O teclado incluía playbacks instrumentais que permitiam que se brincasse com as notas das teclas ao mesmo tempo que o playback tocava. No fundo, embora sem me dar conta, foi o meu primeiro contacto com a improvisação. Alguns anos mais tarde, quanto tinha seis anos, a minha educadora de infância convidou uma tocata (um agrupamento musical que acompanha um rancho folclórico) para fazer uma pequena apresentação à turma do jardim-de-infância. Guardo uma memória forte dessa experiência; lembro-me perfeitamente do acordeão, do fole, dos botões e da pessoa que o tocava. Nesse mesmo dia, no caminho que fazíamos a pé de volta a casa, pedi à minha mãe que me inscrevesse numa escola de música para aprender aquele instrumento. Passados alguns dias, entrei na escola de Música “Sons e Tons” em Samora Correia.
Com que idade começou a tocar acordeão? Foi o primeiro instrumento que escolheu?
Foi o primeiro instrumento que escolhi. Anos mais tarde, já no Conservatório, fiz guitarra clássica como segundo instrumento.
Quando é que soube que queria ser músico profissional?
Sempre soube que a música iria estar presente na minha vida como passatempo. A transição para a “profissionalização”, enquanto performer e aprendizagem contínua da música que escolhi, foi acontecendo gradualmente. Ou seja, não houve um momento específico em que tenha decidido tornar-me “profissional”. Até porque esse processo, especialmente enquanto performer, e não como professor de música, e partindo de Portugal, não é propriamente uma escolha – é um processo que envolve uma grande dedicação, muita consistência e bastante sorte.
Quem foram os seus mentores durante a sua formação musical?
Eu continuo a ter mentores e pessoas que me guiam, inclusivamente no meu estudo diário. Por algum tipo de ordem cronológica: O Professor Joaquim Raposo, excelente pedagogo do acordeão, pai do pianista António Rosado, e um dos grandes compositores e arranjadores deste aerofone, foi uma grande ajuda no desenvolvimento das primeiras capacidades físicas com o instrumento e da leitura de música em clave de Fá e Sol. Depois, o Professor Aníbal Freire, com quem tive nove anos de intenso estudo e de uma precisão técnica que até hoje estou agradecido – aprender o instrumento com um dos melhores instrumentistas de sempre foi um privilégio. Atualmente, apesar de não ter aulas semanalmente, conto com alguns amigos, professores e mentores que me vão orientando com opiniões totalmente honestas sobre o processo e também sobre a edição dos álbuns. Por exemplo, neste momento estou a preparar a gravação de mais alguns “standards” de Jazz e todo o processo diário de aprendizagem da improvisação e linguagem conta com a ajuda de músicos incríveis como Jeffery Davis, Ricardo Toscano, Greg Osby ou Afonso Pais. Outro exemplo, o meu novo álbum de música clássica “Unfolding”, não só contém música do compositor português Luís Tinoco, como também ele acompanhou todo o processo, desde o estudo das peças originais, a transcrição após o estudo das composições preexistentes, a escolha dos takes integrais, a mistura e masterização do álbum até ao design gráfico. A minha relação com o grupo belga Aka Moon também transcende as nossas gravações ou os concertos ao vivo.É composto por três músicos – Fabrizio Cassol, Stéphane Galland e Michel Hatzigeorgiou – que escuto religiosamente não só nas suas escolhas musicais como todas as outras que envolvem a criação musical. Neste momento, qualquer projeto ou programa em que esteja a trabalhar inclui algumas pessoas que me ajudam a criar musicalmente e a planificar a rotina de estudo, mas também um outro grupo de pessoas que me aconselham na sua realização no meio musical.
Quais são os acordeonistas o inspiram?
Imensos, mas estes são os nomes que neste momento estão mais presentes no meu imaginário: Mika Väyrynen, Yuri Shishkin, Iñaki Alberdi, Aníbal Freire, Friedrich Lips, Domi Emorine, Aude Giuliano, Petar Maric, Jérôme Richard, Eric Bouvelle, Richard Galliano, Tommy Gumina, João Frade, Petar Ralchev, Lionel Suarez, Lelo Nika, Teodoro Anzelotti, Eugénia Lima, Vladislav Pligovka e Jean-Marc Marroni.
Como chegou ao mundo do jazz?
A improvisação sempre esteve presente na minha relação com o instrumento e com a música. O jazz começou a marcar a sua presença de forma mais constante na minha vida através da audição de artistas como Richard Galliano e Keith Jarrett. Após concluir o Conservatório em acordeão, tive a oportunidade de estudar na escola JB Jazz, onde entrei em contacto com alguns dos melhores improvisadores portugueses, como Pedro Madaleno, Nuno Ferreira e a Paula Sousa. Após essa experiência e um breve período dedicado à realização de alguns concursos internacionais, retomei o estudo da improvisação na Escola Superior de Música de Lisboa, que se revelou a fase mais significativa no meu desenvolvimento enquanto músico, graças ao apoio de professores incríveis, como João Moreira, Filipe Melo, João Paulo Esteves da Silva e Nelson Cascais.
Como foi colaborar com alguns dos improvisadores contemporâneos mais importantes? (Mark Turner, Peter Evans, Aka Moon, Greg Osby, Mike Stern, Rufus Reid, David Binney e Gil Goldstein, entre outros)
Praticamente todos os nomes mencionados são pessoas com quem mantenho uma relação contínua e que influenciaram não só os projetos em que colaborámos, mas também no desenvolvimento subsequente: o aprofundamento do estudo após esses projetos, a exploração de novos caminhos estéticos e até mesmo a compreensão da minha relação com o meio musical enquanto acordeonista. Penso que desta lista de nomes, com exceção de Gil Goldstein, a maioria teve o seu primeiro contacto com o acordeão através dos nossos projetos.
Ganhou os principais concursos mundiais dedicados ao acordeão. Qual a importância destes prémios na evolução da sua carreira profissional?
Os concursos abrem portas que, de outra forma, seriam extremamente difíceis de alcançar. A sua mais-valia prende-se com a obrigatoriedade de receber e respeitar opiniões de músicos de carreira, melhorando os aspetos por eles apontados. Além disso, essa participação traz consigo uma ideia de respeito e admiração pelo trabalho sério desenvolvido pelos pares. Do ponto de vista da carreira profissional, o resultado imediato são as oportunidades que surgem; do ponto de vista musical, os valores de seriedade e humildade são reforçados.
Como é o seu dia-a-dia como músico?
O meu dia-a-dia como músico é bastante típico. Se tiver em casa, isto é, se não estive em viagens ou concertos, estou a estudar. O estudo é diversificado, mas todos os dias dedico tempo à articulação e ao estudo com metrónomo; aprendo novos programas escritos; ouço álbuns e assisto a vídeos dos meus músicos preferidos no YouTube. Atualmente, na área da música improvisada, estou a trabalhar na minha interpretação de baladas e a preparar o programa com orquestras para os próximos três meses, que inclui compositores como Bach, Mozart e Luís Tinoco.
Que tipo de imprevistos já enfrentou na sua carreira?
A vida de um performer é curiosa. Independentemente do que possa acontecer – problemas de saúde, dificuldades financeiras ou simples imprevistos de produção – há sempre a obrigatoriedade de subir ao palco nas melhores condições possíveis. Não existem “super-humanos” nem pessoas bafejadas pela sorte durante décadas; a vida simplesmente acontece, e esse somatório de imprevistos, juntamente com a necessidade de se apresentar em palco, é uma espécie de condição inerente a esta forma de arte, e algo que se estende a todos aqueles que se apresentam em público.
Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira?
Tenho alguns momentos que guardo com especial carinho. Um dos mais recentes e marcantes foi a minha estreia com a London Philharmonic Orchestra sob a direção de Edward Gardner, onde tive oportunidade de tocar uma peça de Luís Tinoco, um dos meus compositores favoritos. Ainda nesta temporada, destaco o convite para me apresentar no Festival da Martha Argerich e tocar na segunda parte do seu próprio concerto na Elbphilharmonie. Além disso, a realização dos primeiros recitais de acordeão de sempre em programações tão prestigiadas como as da Fundação Calouste Gulbenkian, do Festival d’Aix-en-Provence ou da Wiener Konzerthaus foram também momentos inesquecíveis da minha carreira.
Quando é começou a compor? Como descreveria o seu processo criativo?
A composição, tal como a improvisação, começou logo no início do meu estudo do instrumento. No entanto, ao longo do tempo, o meu processo foi-se alterando. Atualmente, procuro escrever ideias inacabadas ao longo do ano, sem pressões de prazos ou formatos definidos. Após alguns meses, revisito essas ideias e tento criar algo que as complete um pouco mais. Muitas vezes, obrigo-me a apagar uma ideia por completo para evitar ser influenciado por ela novamente, caso algo não me tenha agradado no teste da passagem do tempo. No meu próximo álbum de música improvisada, por exemplo, o André Rosinha e o Bruno Pedroso têm ajudado bastante na criação de estruturas e até na composição de algumas partes. Este movo projeto, que será gravado com David Binney na Casa da Música em outubro deste ano, chamar-se-á “Aperture”.
Gravou o seu primeiro álbum aos 19 anos (“Surrealistic Discussion” com o tubista Sérgio Carolino) e em 2023 lançou o seu 10º álbum (“Solo II” – Live At Festival D'aix-En-Provence”). Como aborda a integração de experiências pessoais e influências musicais no processo de criação dos seus álbuns?
Ainda ontem voltei a pensar no projeto com o Sérgio Carolino. Ele é um dos meus mentores, um dos melhores músicos que conheço, e continuo a aprender imenso com ele. Esse primeiro álbum foi uma verdadeira escola sobre como fazer música. O Sérgio Carolino e o Mário Dinis Marques, que foi responsável pela gravação do álbum, foram fundamentais para eu perceber como se deve gravar um disco. Desde a preparação musical e de produção até à importância de ter pessoas externas ao projeto a ouvirem-nos, aprendi uma série de condições indispensáveis para se entregar o melhor trabalho possível, algo que até então ainda não tinha experienciado a esse nível. O “Solo II – Live at Festival d’Aix-en-Provence” é um projeto altamente pessoal. Não só porque é totalmente improvisado, mas também por ter sido realizado ao vivo num dos festivais mais importantes para o meu desenvolvimento enquanto músico. Além disso, tive a sorte de estar rodeado de amigos, tanto na plateia como na equipa que o gravou o álbum, assim como na própria academia do Festival, da qual fiz parte durante uns belos anos.
É artista em Residência na Symphoniker Hamburg e na Casa da Música; tem o projeto em nome próprio “João Barradas Trio” com André Rosinha (contrabaixo) e João Pereira (baterista); e, entre outras coisas, começou a escrever para a BBC Music Magazine. Fale-nos sobre o que podemos esperar da sua carreira num futuro próximo.
Nas próximas duas temporadas, na área da música clássica, estarei focado exclusivamente em programas com orquestra. É um privilégio enorme poder trabalhar neste tipo de programa, especialmente com um instrumento que ainda não é uma escolha óbvia como solista frente a uma orquestra. Sinto-me imensamente grato pela confiança que as orquestras e maestros têm depositado em mim, proporcionando-me estas oportunidades. Recentemente, terminei a minha residência com a Symphoniker Hamburg, na Alemanha, uma experiência verdadeiramente privilegiada, onde pude fazer música ao mais alto nível. Daqui a seis semanas, inicio a minha residência na Casa da Música, um projeto que me deixa extremamente entusiasmado e feliz. Será uma oportunidade única para gravar projetos com alguns dos músicos que mais admiro. Embora a residência dure apenas um mês, ao longo de 2025 serão lançadas edições discográficas de alguns desses projetos. Ainda não posso revelar muitos detalhes, mas em setembro serão anunciadas algumas colaborações com orquestras. Na área do jazz, estou a preparar a gravação do meu próximo disco de originais em outubro. Além disso, estou envolvido em quatro projetos internacionais que me têm dado grande satisfação e que em breve serão revelados. Pelo menos dois desses projetos serão anunciados já em outubro. Para me preparar adequadamente para todos estes programas, decidi não realizar recitais nos próximos tempos. Os recitais têm sido uma das formas mais comuns de me apresentar em palco nos últimos anos, mas, neste momento, a prioridade é focar-me na preparação e execução destes projetos de maior envergadura.
E como é que faz a gestão de uma carreira tão diversificada?
Isso é algo que exige uma grande disciplina e organização. Tento equilibrar os meus compromissos, assegurando que cada projeto recebe a atenção necessária. Conto com uma equipa de colaboradores que me apoia na logística e na administração, permitindo-me concentrar naquilo que realmente importa: a criação e a interpretação musical.
Como define a música?
Definir o que a música é não é tarefa fácil, mas posso tentar explicar a minha relação com esta forma de arte. Para mim, a música é a forma de expressão abstrata que mais me emociona, a mais imediata, tanto como ouvinte quanto como "praticante". Refiro-me sobretudo à música instrumental, que é a mais próxima de mim e que não recorre a outras formas de arte na sua constituição. É através dela que consigo experimentar e transmitir emoções de uma forma pura e direta, sem a necessidade de palavras ou imagens.
Caso não tivesse seguido a carreira musical, que outro caminho profissional imagina que teria escolhido?
Adoraria ter estudado Ciências da Computação.
Quais são os seus passatempos?
Atualmente, dedico algum do meu tempo livre a livros, videojogos e podcasts. São atividades que me relaxam bastante e que, ao mesmo tempo, estimulam a criatividade e diferentes tipos de pensamento. Estes passatempos permitem-me desligar da rotina diária e explorar novas ideias e perspetivas, o que acaba por influenciar positivamente o meu trabalho musical.
O que espera alcançar nos próximos anos?
Gostaria de continuar a gravar álbuns e a trabalhar na sua produção. Para mim, é uma forma importante de representar a nossa música. Embora os meios de produção musical sejam cada vez mais acessíveis, criar música a um determinado nível continua a ser um desafio significativo. Desde a disponibilidade de tempo e espaço necessários para a preparação, até ao acesso aos melhores meios e equipas de gravação, há muitos fatores que tornam este processo exigente. Espero poder superar esses desafios e continuar a criar obras que reflitam a minha visão artística e musical.
Tem algum conselho para os jovens músicos que estão agora a começar as suas carreiras?
É sempre difícil dar um conselho genérico, pois cada músico tem necessidades e caminhos diferentes. No entanto, posso partilhar um conselho que me foi dado por músicos que muito estimo e que tento seguir: nunca perder a rotina de estudo e de audição de música. Estes dois fatores andam de mãos dadas na evolução de um músico. "Montar" um programa sem enfrentar dificuldades externas não é realmente uma rotina de estudo, e "ouvir" apenas os discos que já conhecemos, sem os analisar e estudar, não é o tipo de audição que contribui para o desenvolvimento do vocabulário musical. É essencial manter uma prática consistente e uma escuta atenta e crítica, sempre em busca de novos desafios e aprendizagens.
* Joana Patacas - Assessoria de Comunicação e de Conteúdos
Fotografia de João Barradas por Alfredo Matos
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