Alexandre Delgado
Compositor e Violetista
Alexandre
Compositor e Violetista
Alexandre Delgado
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VÍDEOS
Alexandre Delgado
Compositor e Violetista
Portugal
A música deve ter a capacidade de contar uma história, com temas e personagens que fiquem na memória
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"O que sinto intuitivamente desde que aprendi música é que a música, de todas as artes, é aquela que mais diretamente exprime milhões de coisas." Alexandre Delgado
Alexandre Delgado nasceu em Lisboa em 1965 e desde tenra idade revelou um profundo interesse pela música. Foi uma professora da escola preparatória, a pianista Fátima Fraga, quem o incentivou a ingressar na Fundação Musical dos Amigos das Crianças quanto tinha 12 anos, aí começando os seus estudos de violino. A experiência de tocar num concerto da orquestra da escola, apenas um ano depois, foi decisiva para que desejasse seguir a carreira musical.
Paralelamente às aulas de música, começou a compor de forma intuitiva, encorajado pela sua professora de solfejo, Deodata Henriques. As suas primeiras peças, escritas sem conhecimentos formais de composição, eram interpretadas pelos colegas e uma delas chamou a atenção do compositor Joly Braga Santos, com quem estudou como aluno particular entre 1981 e 1986.
Sob a orientação de Joly, desenvolveu as bases tradicionais da composição, estreando em 1982 Prelúdio para Cordas, de cunho modal, e em 1984 Três Momentos para Orquestra, com laivos dodecafónicos. Após completar o curso geral do Conservatório de Lisboa, obteve uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura para estudar em França, entre 1986 e 1989, com Jacques Charpentier, compositor que contribuiu para enriquecer a sua linguagem. Este período de expansão viu nascer obras como o Concerto para Flauta, de cunho impressionista e neoclássico, e Evoluções na Paisagem para orquestra, ponto extremo de abstração atonal na sua produção, que lhe valeu o 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice em 1990 e o Prémio João de Freitas Branco / Fidelidade em 1992.
A partir de 1990 Delgado desenvolveu uma escrita mais idiomática para cada instrumento, conjugando cromatismo e liberdade rítmica com a utilização de notas pivô ou centros tonais. Duas obras desse período, Langará para clarinete e The Panic Flirt para flauta, tornaram-se parte do reportório desses instrumentos a nível internacional, com numerosas gravações em CD. Essa fase culminou na ópera de câmara O Doido e a Morte, estreada em Lisboa em 1994, farsa tragi-cómica em que revelou a sua veia teatral, explorando ao máximo a independência das vozes. Ópera em forma de variações, é construída a partir de um pequeno motivo melódico de cinco notas, de acordo com o seu princípio de desenvolver cada obra organicamente a partir de uma célula primordial.
O Concerto para Viola e Orquestra marca, no ano 2000, a sua transição para uma linguagem menos dissonante e mais harmónica, que oscila livremente entre o tonal, o modal e o cromático, conservando a essência contrapontística, a primazia melódica e a pulsão rítmica que lhe são características. Além da ópera A Rainha Louca (2009), podem destacar-se obras como Poema de Deus e do Diabo para baixo e grupo instrumental (2001), Canteto para quinteto com contrabaixo (2007), Santo Asinha para barítono e orquestra (2010), Trio Camoniano para voz e/ou trio com piano (2012), Sonata ‘Adamastor’ para tuba e piano (2017), Samambaia para acordeão e Quarteto de Cordas (2019), Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e orquestra (2019) e uma versão musico-teatral de Rei Lear para quinteto, tenor e cinco atores (2019), entre muitas outras obras.
Várias partituras para orquestras e coros de crianças que compôs a partir de 2014 revelam uma particular sintonia com o universo infantil, com destaque para as cantatas O Pequeno Abeto e O Soldadinho de Chumbo, baseadas em Andersen, e para a cantata Balada dos Quatro Cantos, que compôs em 2023 para um coro multi-étnico de 100 crianças de um bairro social da Amadora.
Com encomendas regulares de Portugal e do estrangeiro, Alexandre Delgado dedica-se hoje sobretudo à composição mas, ao longo de quatro décadas, também foi ativo como instrumentista, maestro, radialista, divulgador, musicólogo, programador e tradutor de libretos.
Aluno em violeta de Barbara Friedhoff, terminou o curso do instrumento em França e venceu o Prémio Jovens Músicos em 1987. Foi membro da Orquestra de Jovens da União Europeia, onde tocou sob a direção de Claudio Abbado e Zubin Mehta. Fez parte da Orquestra Gulbenkian, do Quarteto Lacerda e do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual realizou centenas de concertos entre 2005 e 2019. Estreou como solista o concerto The vigil of the angels de Ivan Moody, que lhe é dedicado, bem como o seu concerto para viola e orquestra, que tocou em Portugal, em Espanha e na Holanda.
Como maestro, começou aos 18 anos a dirigir a Orquestra de Iniciados da FMAC e dirige atualmente as duas orquestras da Academia de Música de Lisboa. Além de muitos concertos com obras de sua autoria, dirigiu várias produções da ópera O Doido e a Morte em Portugal, na Alemanha e no Brasil, a mais recente delas no Rio de Janeiro, onde a Sala Cecília Meirelles lhe dedicou um concerto monográfico em 2022.
Como radialista e divulgador, assina desde 1996 o programa “A Propósito da Música” na Antena 2, dedicado à vida e às obras dos compositores mais importantes da tradição ocidental. É também convidado regularmente como palestrante e comentador de concertos.
Como musicólogo, deve-se-lhe a coordenação e a co-autoria do livro "Luís de Freitas Branco” (2005), primeira obra de fundo dedicada ao introdutor do modernismo musical em Portugal, sobre o qual fez conferências em Itália e Espanha. É também autor dos livros A Sinfonia em Portugal e A Culpa é do Maestro, compilação de críticas musicais que assinou no Diário de Lisboa e no Público entre 1990 e 2001.
Como programador, foi diretor artístico do Cistermúsica / Festival de Música de Alcobaça entre 2002 e 2019, concebeu ciclos de música de câmara para a Artemrede e para as câmaras de Oeiras e de Cascais e programou o Festival Luís de Freitas Branco, com a 1ª audição integral da obra desse compositor. Como tradutor, assinou aclamadas versões portuguesas das óperas Hansel e Gretel, A Flauta Mágica, A Bela Adormecida, O Pequeno Limpa-Chaminés e La Serva Padrona. Neto do general Humberto Delgado, Alexandre Delgado é bisneto de Carlos de Andrade (1884-1930), compositor modernista cuja obra deu a conhecer através de uma monografia e de um concerto realizado no CCB em 2000.
A obra musical de Alexandre Delgado encontra-se publicada pela AvA Editions.
Ao longo da sua carreira, Alexandre Delgado desenvolveu uma linguagem única que combina tradição e modernidade. O seu estilo baseia-se em linhas melódicas independentes e coerência orgânica, sendo atualmente considerado um dos grandes nomes da música erudita contemporânea portuguesa.
PRÉMIOS
- 1º Prémio do Curso Superior de Violeta do Conservatório de Cannes (1987)
- 1º Prémio Jovens Músicos da RDP (Violeta - Nível Médio) (1987)
- 1ª medalha do 2º ano do Curso de Composição do Conservatório de Nice (1989)
- 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice (1990)
- Prémio João Freitas Branco / Fidelidade (1992) (Prémio do Júri e Prémio da Assistência)
- Medalha de Mérito do Concelho de Alcobaça (2010)
LINHA DO TEMPO
2024 – Faz a orquestração da ópera Felizmente Há Luar, que é estreada na Guarda e levada à cena em Lisboa, Castelo Branco, Évora, Coimbra, Braga, Faro e Santa Maria da Feira (direção de Osvaldo Ferreira, encenação de Allex Aguilera).
2023 – Organiza com Salmo Faria o Festival “Se Essa Rua Fosse Minha — 1º Festival de Música e Teatro do Casal do Silva”, onde dirige a estreia da Balada dos Quatro Cantos com um coro multi-étnico de 100 crianças e se dá a estreia da sua versão portuguesa da ópera La Serva Padrona. Escreve o libreto e compõe a versão para canto e piano da ópera Felizmente Há Luar, encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa. É convidado a ser professor das duas orquestras da Academia de Música de Lisboa. Execuções de O Soldadinho de Chumbo no Teatro do Campo Alegre, no Porto.
2022 – Compõe a Balada dos Quatro Cantos para um projeto apoiado pelo programa Interculturalidades da DGArtes. Estreia de Tocarola para saxofone e da Suite ‘O Doido e a Morte’ em versão para saxofone, por João Pedro Silva, no Convento dos Capuchos.
2021 – Compõe Melopeia para o Ensemble Lusitanus, que faz a estreia nas Caldas da Rainha e grava a obra em CD, e Os Ingleses Fumam Cachimbo para o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, que estreia a obra em Badajoz e na Nazaré. Dirige O Doido e a Morte na Sala Cecília Meirelles no Rio de Janeiro (encenação de Salmo Faria), no âmbito de um concerto monográfico que inclui Tríptico Camoniano, Es Lisboa una Octava Maravilla e a estreia de Ciclo Quinhentista em versão com quinteto de cordas. O Cistermúsica presta-lhe homenagem incluindo, além desse programa, a estreia da versão revista do Concerto para Viola e Rei Lear em versão declamada.
2020 – Compõe o quinteto Samambaia para o João Roiz Ensemble, que faz a estreia em Castelo Branco e grava a obra em CD. Durante o confinamento devido à pandemia, faz uma revisão do Concerto para viola e adapta Es Lisboa una octava maravilla para coro e orquestra. Langará é uma das obras escolhidas para a Semifinal do 16th International Clarinet Competition Salverio Mercadante em Bari (Itália).
2019 – Compõe Rei Lear para o CCB, Es Lisboa una octava maravilla para o Festival da Póvoa do Varzim (ambas destinadas ao Toy Ensemble) e Vida e Milagres de Dona Isabel para a Orquestra de Coimbra (que estreia a obra no Convento de São Francisco). The Panic Flirt é uma das obras escolhidas para o Concurso Internacional de Flauta Maxence Larrieu, em Nice. Dirige a estreia da cantata “Frei João” de Tiago Derriça num concerto da AMAC. Última edição como diretor artístico do Cistermúsica.
2018 – Termina O Soldadinho de Chumbo e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC no Tivoli e na Casa da Música. Compõe O Romance da Raposa para um espetáculo de Teresa Gafeira no Teatro de Almada. Dirige a estreia no Brasil de O Doido e a Morte, no Theatro da Paz em Belém do Pará (encenação de Salmo Faria). Programa a ópera Guerras de Alecrim e Mangerona no Cistermúsica. Estreia do Trio com Piano na Casa da Música. Lançamento em CD de O Doido e Morte.
2017 – Termina O Pequeno Abeto e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC, no Tivoli. Compõe Tocarola para saxofone e O Soldadinho de Chumbo. Revê o Tríptico Camoniano e faz versão alternativa como trio com piano, para um CD do Trio Pangea. Compõe a Sonata Adamastor para um CD do tubista Sérgio Carolino. Dirige O Doido e a Morte em versão de concerto, num concerto do Toy Ensemble que inclui Poema de Deus e o Diabo e Tríptico Camoniano, no CCB. Faz palestra sobre ópera portuguesa no Centre Gulbenkian em Paris. Estreia do Quarteto Breve para percussão na Universidade de Aveiro. O Concerto para Flauta é tocado por Nuno Inácio com a Orquestra Gulbenkian no Grande Auditório Gulbenkian. Programa a estreia moderna da ópera Inês de Castro de Giuseppe Giordani no Cistermúsica.
2016 – Retoma as emissões do “A Propósito da Música” na Antena 2, analisando a integral da obra de Bach ao longo de quatro anos. Compõe Instrumentário e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC, no Tivoli. Dirige O Doido e a Morte em versão de concerto e Dumbarton Oaks de Stravinsky com a Orquestra Metropolitana da Lisboa, no Teatro Thalia. Dirige a estreia de A Rainha Louca no Brasil, no Festival Internacional de Música de Belém do Pará (encenação de Salmo Faria). Começa a compor O Pequeno Abeto.
2015 – Termina Baila Bailarino e dirige a estreia no CCB, com o coro e as orquestras da AMAC. Toca o Concerto para Viola com a Orquestra Metropolitana de Lisboa (dir. Pedro Neves). Começa a compor O Pequeno Abeto. É convidado a lecionar violeta na Escola Profissional da Metropolitana, onde permanece durante dois anos letivos.
2014 – Compõe os dois primeiros números de Baila Bailarino. Estreia de Verdiana pela Orquestra Sinfónica Portuguesa em Lisboa e do Tríptico Camoniano em Aveiro. Dirige uma nova produção de O Doido e a Morte no Teatro Municipal de Almada (encenação de Rodrigo Francisco) e grava a obra para CD. Toca o Concerto para Viola com a Filarmonia das Beiras. Programa a ópera Il Mondo della luna de Avondano no Cistermúsica.
2013 – Compõe Tríptico Camoniano para o Ensemble Performa. Compõe Verdiana para o CCB. Devido à crise financeira, dá-se uma interrupção de dois anos e meio no programa “A Propósito da Música” da Antena 2 e passa a dirigir a Orquestra Juvenil da AMAC (antiga FMAC), onde permanecerá como professor até 2021.
2012 – Faz com o MPQ a 1ª gravação mundial em CD dos quartetos com piano de Napravnik e Rubinstein. Apresenta a integral das sinfonias de Mozart numa maratona de nove concertos dirigida por Martin André no TNSC.
2011 – Compõe o Ciclo Quinhentista para o Festival Terras Sem Sombra, onde a obra é estreada pela soprano Maria Bayo com a orquestra Divino Sospiro. Dirige a Orquestra Clássica da Madeira no Funchal. Dirige a estreia da ópera A Rainha Louca no CCB.
2010 - Compõe Santo Asinha para a Orquestra do Algarve, cuja estreia dirige em Albufeira. Recebe a Medalha de Mérito do Concelho de Alcobaça. Programa um “Ciclo de Música de Câmara” para a Câmara de Oeiras. Promove a estreia moderna de L’Angelica de João de Sousa Carvalho em Alcobaça.
2009 – Termina a ópera A Rainha Louca. Faz recital e conferência sobre Frederico de Freitas em Roma. Toca metade dos 64 quartetos de Haydn na integral promovida pela Antena 2. Doa à Biblioteca Nacional do espólio Luís de Freitas Branco que herdou de Maria Helena de Freitas e Nuno Barreiros. Nova produção de O Doido e a Morte no Teatro de Almada (direção de Fernando Fontes, encenação de Joaquim Benite). Estreia das suas versões portuguesas das óperas The Little Sweep de Britten (na Gulbenkian) e La bella dormente nel bosque de Respighi (no TNSC).
2008 – Estreia da Abertura ‘A Rainha Louca’ no festival «Prazské premiéry 2008» em Praga, dedicado às estreias europeias mais relevantes ocorridas entre 2002 e 2007. Estreia de O Papagaio e a Galinha pela OML no Zambujal. Dirige a Orquestra da Madeira e toca o Concerto para Viola. Conferência sobre Luís de Freitas Branco no festival Pórtico do Paraíso em Ourense. Concertos com o MPQ em Menorca e Maiorca. Últimos concertos com o Quarteto Lacerda.
2007 – Compõe Canteto para o festival Cameralia de Santiago de Compostela e Sintonia para a flautista Ana Cavaleiro. Faz a música do documentário «Camilo Pessanha: um poeta ao longe» de Francisco Manso. Programa e comenta um «Ciclo de Música Portuguesa» da Orquestra do Algarve. Recital com Bruno Belthoise em Rennes. O Concerto para Violeta é tocado por Jano Lisboa na Gulbenkian. Publicação do livro "Luís de Freitas Branco" (Editorial Caminho).
2006 – Compõe Mistério para mezzo e piano. Programa com Guenrikh Elessine o festival «Noites de Inverno» em Cascais. Estreia da versão portuguesa d’A Flauta Mágica na Gulbenkian. Inaugura o novo formato de concertos comentados da Orquestra Gulbenkian e de palestras pré-récita no TNSC. Faz a música para o documentário “Meu Pai, Humberto Delgado”, de Francisco Manso.
2005 – Integra o Conselho Editorial da coleção Portugalsom (até 2006) e promove a execução e a gravação da ópera As Variedades de Proteu. Programa o ciclo Mil Anos de Música para a Artemrede. Concertos com o Quarteto Lacerda em França e Itália. Torna-se membro do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual fará uma média de 30 concertos anuais até 2019. Dirige a Orquestra do Norte, tocando o seu Concerto para Viola. Récita de O Doido e a Morte no Museu do Carro Eléctrico no Porto. Organiza o Festival Luís de Freitas Branco com a audição integral da obra do compositor.
2004 – Compõe a Abertura ‘A Rainha Louca’ para a Orquestra Sinfónica Portuguesa e termina o 1º ato da ópera. Toca Lachrimae de Britten com a OSP. Estreia de nova produção de O Doido e a Morte no Teatro Efémero em Aveiro (direção de António Saiote, encenação de Jane W. Davidson). Promove a estreia moderna da Escena de la Ines de Castro de Boccherini e de Fantasia e Grandes Variações de Bomtempo no Cistermúsica.
2003 – Compõe O Papagaio e a Galinha para a soprano Catarina Molder. Toca o Concerto para Viola e Orquestra com a Orquesta de Extremadura em Badajoz e Cáceres. Faz a 1ª gravação mundial do Quarteto em Sol Maior de Viana da Mota para um CD do Quarteto Lacerda. Promove a estreia em Portugal de O Aniversário da Infanta de Franz Schreker, no âmbito do Cistermúsica. Estreia da sua versão portuguesa de Hansel und Gretel no Teatro da Trindade. Publicação do livro "A Culpa é do Maestro". Publicação do catálogo do Museu da Música com ensaio sobre a obra de Frederico de Freitas.
2002 – Estreia com o Quarteto Lacerda o Quarteto nº 2 (incompleto) de Frederico de Freitas. Torna-se diretor artístico do Cistermúsica / Festival de Música de Alcobaça, que será programado por si ao longo de 18 edições e abre nesse ano com a estreia mundial da abertura Inês de Castro de Viana da Mota. Estreia como solista o concerto The vigil of the angels, de Ivan Moody, que lhe é dedicado. Faz recitais com Álvaro Lopes Ferreira e conferências sobre a sinfonia em Portugal em Roma e L’Aquila. Começa a compor a ópera A Rainha Louca. 2ª edição do livro A Sinfonia em Portugal (Editorial Caminho).
2001 – Inaugura com o Quarteto Lacerda a nova fórmula de concertos comentados do CCB. É compositor convidado no Festival de Maastricht, onde se executam sete obras suas, incluindo o Concerto para Viola, que toca como solista. Atua com Bruno Belthoise no Centre Gulbenkian em Paris. Toca o Concerto para Violeta e Orquestra com a Orquestra Sinfónica Portuguesa. Compõe Poema de Deus e do Diabo para o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Grava em Paris a Sonatina de Armando José Fernandes, com o pianista Bruno Belthoise. 1ª edição do livro A Sinfonia em Portugal, promovida pelo Ministério da Cultura.
2000 – Revela a existência do compositor modernista Carlos de Andrade (seu bisavô) através de um concerto no CCB. Estreia Penélope no Cais da Rocha de Eugénio Rodrigues. Compõe Pequena Suite Laurissilva para um CD comemorativo da classificação da Floresta Laurissilva da Madeira pela UNESCO. Compõe o Concerto para Viola e Orquestra para o Festival de Coimbra, estreando-o como solista com a Orquestra Gulbenkian. Compõe Peças Fáceis para a FMAC, Bamboleio para piano solo e Cansonâncias para o Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
1999 – Compõe Tresvariações para a Orquestra Gulbenkian e Suite ‘A Varanda do Frangipani’ para um espetáculo do Teatro Meridional. Realiza conferência sobre Luís de Freitas Branco em Roma. Escreve ensaio sobre A Lenda dos Bailarins de Frederico de Freitas. Digressão do Quarteto Lacerda nos Açores. Estreia dos Dois Poemas de Camões. O Quarteto Arditti grava o seu Quarteto de Cordas.
1998 – Atua com o Quarteto Lacerda em Madrid, tocando o seu Quarteto de Cordas. Estreia Alap-jor-jhala-gat de João Pedro Oliveira. O TNSC dedica-lhe um concerto monográfico no Salão Nobre.
1997 – Compõe Dueto para Cravo e Marimba para os Encontros Gulbenkian. Compõe Burlesca para o Duo Contracello, que a grava em CD. Atua com o Quarteto Lacerda em Londres. O Doido e a Morte é levado à cena na Bienal de Cascais e no Festival da Póvoa do Varzim (direção de António Saiote, encenação de Pedro Wilson).
1996 - Compõe Quién Me Libra... para guitarra. Inicia nova série do "A Propósito da Música", como colaborador da Antena 2. Termina o curso médio de alemão do Goethe Institut (10º grau). Dirige O Doido e a Morte e Savitri de Gustav Holst numa produção em inglês da companhia NeueOpernbühne em Berlim (encenação de Alexander Paeffgen).
1995 - Rescinde do contrato como viola tutti da Orquestra Gulbenkian. Compõe a Suite 'O Doido e a Morte’ para flauta e marimba e Pequena Obsessão Compulsiva para piano solo. Frequenta um seminário para agentes culturais em Weimar, a convite do Goethe Institut.
1994 – Dirige a estreia de O Doido e a Morte no Teatro Nacional de São Carlos (encenação de Pedro Wilson). Langará é peça obrigatória no Concurso Internacional de Música para a Juventude. Compõe Escaramuça para a Clerkenwell Music Series, a cuja estreia assiste em Londres.
1993 – Completa o curso básico de alemão do Goethe Institut (6º grau). É convidado com Jorge Peixinho a representar a delegação portuguesa de SIMC nos World Music Days no México, onde é executada Antagonia. Compõe a ópera de câmara O Doido e a Morte para Lisboa 94, durante uma licença sem vencimento da Orquestra Gulbenkian.
1992 - Vence o Prémio João de Freitas Branco / Fidelidade com Evoluções na Paisagem, incluindo o prémio do júri e o prémio votado pela assistência. Compôõe Langará para clarinete. Compõe The Panic Flirt para flauta, a cuja estreia assiste no Festival de Presteigne (País de Gales). Rescinde o contrato como realizador do quadro da RDP.
1991 – Compõe o Quarteto para Contrabaixos, estreado num concerto monográfico promovido pelo Clube Português de Artes e Ideias. Compõe o Quarteto de Cordas com uma bolsa do Centro Nacional de Cultura. É ppromovido a realizador da Antena 2. Ingressa na Orquestra Gulbenkian como viola tutti. É convidado, com João Pedro Oliveira, a assistir ao festival "Outono de Varsóvia".
1990 - Compõe Antagonia para violoncelo solo e diploma-se com o 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice. Inicia a 1ª série do programa “A Propósito da Música” na Antena 2. Estreia de Turbilhão nos Encontros Gulbenkian. Frequenta o 35º Curso de Darmstadt, onde ouve conferências de John Cage e Iannis Xenákis e toca o Duo para Viola e Clarinete. Organiza com Nuno Barreiros, na RDP, o ciclo “Luís de Freitas Branco”, comemorativo do centenário do nascimento do compositor.
1989 - Compõe Evoluções na Paisagem para orquestra. Estreia do Concerto para Flauta e Orquestra pela Orquestra Filarmónica de Nice e recebe a 1ª medalha do 2º ano do curso de composição. Toca com Ravi Shankar na Índia, sob a direção de Zubin Mehta, numa digressão da ECYO. É convidado a lecionar composição no Conservatório Nacional e a ser assistente musical da RDP, optando por entrar para a rádio.
1988 - Compõe o Concerto para Flauta e Orquestra. Integra a Orquestra Juvenil da Comunidade Europeia, tocando Gurrelieder em Berlim sob a direção de Claudio Abbado.
1987 – Compõe Os Nossos Dias para quarteto de sopros, Duo para Violeta e Clarinete, Quarteto para Percussão e Turbilhão para baixo e quarteto de cordas. Vence o Prémio Jovens Músicos como violetista e diploma-se em viola com o 1º Prémio do Conservatório de Cannes.
1986 – Decide trocar o violino pela viola, estudando com Barbara Friedhoff. Como bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura, parte para Nice, onde estuda composição com Jacques Charpentier até 1989. Primeiro artigo publicado na imprensa (A Capital, 15/12/1986).
1985 - Compõe Concerto para Metais. Estuda violino com Vasco Barbosa. Toca pela primeira vez como profissional, num concerto da Orquestra Sinfónica da RDP.
1984 – Compõe Três Momentos para Orquestra, que são estreados pela Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos. Abandona o curso de Ciências Musicais.
1983 – Digressão à Alemanha com a Orquestra Juvenil da FMAC, incluindo execuções de Prelúdio para Cordas em Bonn, Mainz, Freiburg e Siegburg. Conclui o curso geral do Conservatório Nacional como aluno externo (Composição, Violino, Educação Musical, Acústica e História da Música). Conclui o 12º ano no Liceu D. Pedro V. Frequenta o 1º ano do Curso de Ciências Musicais da Universidade Nova, onde tem como professores com João de Freitas Branco (Estética) e Constança Capdeville (Análise e Técnicas de Composição IV). Inicia estudos de alemão no Goethe Institut.
1982 – Compõe Prelúdio para Cordas, estreado pela Orquestra Sinfónica da RDP no Teatro de São Luiz. Frequenta pela 1ª vez o Curso de Música de Barroca da Casa de Mateus, onde estudou com Marie Leonhardt em cada verão até 1985.
1981 - Inicia aulas particulares de composição com Joly Braga Santos, que se prolongam até 1986. Compõe Dois Poemas de Camões para voz e piano. Torna-se professor da Orquestra de Iniciados da FMAC, que dirige até 1986 e para a qual compõe diversas peças simples.
1980 - Estreia de Versato para cordas pela Orquestra Juvenil da FMAC, sob a direção de Leonardo de Barros.
1978 – Primeiro concerto com a Orquestra de Iniciados da FMAC, na Aula Magna.
1977 – Inicia os estudos de violino na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, incentivado pela pianista Fátima Fraga. Começa a compor de forma intuitiva, incentivado pela professora de solfejo, Deodata Henriques.
ÓPERAS
"Felizmente Há Luar" (2023-2024)
Esta nova ópera de Alexandre Delgado baseia-se na aclamada peça "Felizmente Há Luar!" de Luís de Sttau Monteiro, escrita em 1961. A obra retrata de forma alegórica a resistência contra a ditadura do Estado Novo. Inspirada na figura histórica do general Gomes Freire de Andrade, que foi condenado à morte pelo regime absolutista, a peça faz uma crítica velada ao regime salazarista, abordando temas universais como a liberdade, o poder, a coragem e a luta contra a opressão. A ópera foi encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa para assinalar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, a revolução que derrubou a ditadura e restaurou a democracia em Portugal. Ao transpor este texto fundamental do teatro português para a linguagem operática, Delgado pretendeu celebrar não só o legado artístico de Sttau Monteiro, como também homenagear o próprio 25 de Abril e os ideais de liberdade que este representou. O compositor combina tradição e técnicas contemporâneas para captar a profundidade emocional da narrativa. Estreada em maio de 2024 no Teatro da Guarda e no Teatro de São Luiz em Lisboa, até outubro a obra é levada a cena em oito cidades do país, num total de dez récitas.
Esta é a primeira adaptação operática da obra-prima de Sttau Monteiro, eternizando musicalmente o seu grito antifascista e incitando reflexões sobre a importância contínua da democracia.
Nota do Autor - Quando o saudoso Joaquim Benite encenou a minha ópera “A Rainha Louca”, em 2011, lançou-me um desafio: queria que eu compusesse uma ópera sobre o meu avô, Humberto Delgado. Mas eu disse-lhe que não era capaz, por ser um assunto demasiado pessoal. (Literalmente: eu tinha cinco meses de gestação quando a minha mãe soube que o pai dela tinha sido assassinado.) Em 2022, o maestro Osvaldo Ferreira lançou-me outro desafio: compor uma ópera sobre o 25 de abril. Também fiquei de pé atrás, desta vez por achar o tema pouco operático e por não querer compor para uma comemoração oficial. Mas lembrei-me de uma peça que podia fazer todo o sentido: “Felizmente Há Luar”. Uma peça sobre a figura histórica do general Gomes Freire, condenado à morte em 1817, nos últimos estertores do regime absolutista. Publicado em 1961, o texto de Luís de Sttau Monteiro era uma metáfora tão evidente do Estado Novo sacudido pelas eleições de 1958, que até os obtusos censores salazaristas a perceberam. Proibida, a peça só pôde ser representada em Portugal depois da revolução. E foi assim que esses dois temas, que antes recusei, me vieram parar às mãos de forma metafórica. Que é como quem diz: operática.
"A Rainha Louca" (2011)
Esta é a segunda ópera de uma “Trilogia da Loucura” projetada por Alexandre Delgado. Tem dois atos e um libreto inspirado na peça "O Tempo Feminino" de Miguel Rovisco, retratando a loucura da rainha D. Maria I. A soberana vive enclausurada num mundo de demência e alucinações, na companhia da sua criada Rosa e confrontada pela gélida Duquesa de Lafões, D. Henriqueta. Três damas da corte também aparecem traçando um retrato delirante da realidade histórica portuguesa.
A ópera transita entre situações cómicas e pungentes, com D. Maria I vivendo os seus devaneios num "século XVIII imaginário", nas palavras do compositor. Este recupera uma harmonia mais tradicional no segundo ato, permeando a partitura com citações que vão Wagner e Bizet e a bandas sonoras de cinema.
Estreada em 2011 no Centro Cultural de Belém, com encenação de Joaquim Benite, e levada à cena também no Brasil, "A Rainha Louca" é considerada uma das mais importantes óperas portuguesas contemporâneas.
Críticas a "A Rainha Louca"
“Alexandre Delgado partiu de um texto para teatro de Miguel Rovisco e fez um libreto onde convergem reflexões (e ironias) sobre um país — Portugal —, interrogações sobre a loucura e a condição humana e dados históricos sobre o reinado de D. Maria I. Figura responsável por algumas obras relevantes — a Academia das Ciências ou a Biblioteca Nacional —, D. Maria I é famosa sobretudo pela longa demência dos seus últimos anos de vida, e a extrema religiosidade que a levou a mandar construir a Basílica da Estrela, em Lisboa.
A ópera de Alexandre Delgado, revendo e resgatando a figura da louca e piedosa D. Maria, viaja por tudo aquilo com assinalável jogo de cintura — a começar pela música, com ‘sons de um século XVIII imaginário’ (das danças de corte à Marselhesa) ao lado de citações da cultura popular (da ópera ao cinema), cruzados com uma linguagem própria — tradicional mas consistente — onde há lugar para drama,divertimento e… uma pontinha de loucura. Ainda bem — é refrescante ver como Alexandre Delgado, compositor que toca, músico que dirige, maestro que divulga (e naturalmente se encarregou ele próprio de dirigir a Orchestrutopica), criou uma pequena e bem construída ópera ligeira, pessimista mas bem humorada, despretensiosa mas séria.”
(Pedro Boléo, in Público, 11/07/2011)
“É inegável o talento de Alexandre Delgado para a ópera. Só lamento que a dispersão necessária para ganhar a vida não lhe permita uma maior dedicação à composição teatral. A primeira peça da sua trilogia operática sobre a loucura, baseada em ‘O Doido e a Morte’ (1923) de Raul Brandão, apareceu nos idos de 1994. Para a segunda, agora estreada no âmbito do Festival de Almada, foi buscar ‘O Tempo Feminino’ — parte da ‘Trilogia Portuguesa’ de Miguel Rovisco (1959-1987) — , cuja protagonista é a nossa rainha louca, D. Maria I. Só desejo que não tenhamos que esperar outros 17 anos pela terceira e última parte, dedicada a El-Rei Dom Sebastião, o causador da nossa desgraça. (…)
Há muito que D. Maria (1734-1816) era um personagem à procura de um compositor. (…) E é ela — numa criação impressionante de Ana Ester Neves — quem inexoravelmente domina ‘A Rainha Louca’, de Delgado. Diga-se já que a linguagem é eminentemente evocativa e dramática, com apropriadas caracterizações tímbricas e harmónicas das figuras principais (todas femininas): a harpa para a protagonista, o cravo para a sua jovem dama de companhia, Henriqueta (casada com o septuagenário Duque de Lafões, tio da Rainha), e a marimba para a criada preta, Rosa (papel falado), a representante do ‘bom selvagem’, alegre, criativo e energético. O adorável século XVIII é também ilustrado nos ritmos de dança, que permeiam toda a partitura (essencialmente tonal). O ecletismo estende-se às mais variadas citações (eruditas e populares) — da entrada da Rainha da Noite à séguidille da ‘Carmen’, às bandas fílmicas e às canções de Beatriz Costa. Com uma orquestra de câmara de uma dúzia de músicos (à maneira de Britten), o todo está muito bem cerzido e a fluência dramática raramente afrouxa.”
(Jorge Calado in Expresso, 16/07/2011)
"O Doido e a Morte" (1994)
Esta ópera de câmara em um ato é baseada na famosa farsa homónima de Raul Brandão (1923). Com libreto do próprio Delgado, retrata de forma alegórica a condição humana, cruzando o trágico e o cómico num delírio alucinante.
A trama gira em torno do Governador Civil e do milionário Sr. Milhões. Este último chega com uma caixa que supostamente contém um poderoso explosivo. Pelo meio surge a mulher do Governador, Aninhas. No no final revela-se que a caixa apenas contém algodão e que o Senhor Milhões é um paciente fugido de um hospício.
Com a duração de apenas 30 minutos, a ópera é um tour-de-force de musicalidade e prosódia exemplar na língua portuguesa. Delgado tira proveito das irregularidades do idioma na linha de canto e confere um forte sentido teatral, com cada instrumento como uma espécie de personagem.
Muito elogiada pela crítica desde a sua estreia em 1994 no Teatro Nacional de São Carlos, "O Doido e a Morte" tem sido reencenada diversas vezes em Portugal e no estrangeiro.
Críticas a "O Doido e a Morte"
"A noite de 9 de Novembro no São Carlos deve ficar em lugar glorioso na história do nosso teatro nacional de ópera (...). Alexandre Delgado mostrou-se capaz de defrontar vitoriosamente de um texto-jóia do teatro português, como é O Doido e a Morte., de Raul Brandão. (...) A música de Delgado é um achado na simbiose da orquestração e do canto ou fala em que não há deslizes do princípio ao fim da partitura."
(José Blanc de Portugal, in "Diário de Notícias, 12/11/1994)
"No descalabro geral de encomendas musicais a compositores portugueses por parte de Lisboa-94, uma única memória fica: 'O Doido e a Morte', de Alexandre Delgado, que (...) é caso inédito em mais de 20 anos, de uma ópera que se deseja ver reposta em melhores conduções de produção (...). As soluções instrumentais são assaz interessantes, quando não mesmo brilhantes (...) Um dos aspectos mais salientes da obra é a proeminência e diversidade rítmica (...)"
(Augusto M. Seabra, in "Público", 13/11/1994)
"O mais fascinante é que, enquanto dura, não existem quebras de tensão, não há momentos mortos. Nesse aspecto, em muito conta a natureza incisiva do tratamento do texto, o qual funciona como como polo de atracção onde se conjugam música e encenação. Em termos musicais, a prosódia da vocalidade sustenta-se na imaginativa base instrumental utilizada (...)."
(Filipe Mesquita de Oliveira, in "Expresso", 19/11/1994)
"Não falta, na verdade, a Alexandre Delgado o sentido da gestualidade teatral, tanto mais que a soube servir com economia de meios. (...) Mas o contributo mais inovador ou mais original incide sobretudo na dimensão fonético-musical. Alexandre Delgado observou as correlações entre entoações típicas do português falado e as situações comunicacionais envolvendo interlocutores com diferentes perfis psicológicos e sociais (...) e construiu a partir daí a vocalidade das personagens."
(Mário Vieira de Carvalho, in "Jornal de Letras", 23/11/1994)
"A farsa homónima de Raul Brandão foi posta em música com particular brilho e sentido de humor. Alexandre delgado prova, além disso, que a língua portuguesa não é assim tão imprópria para o consumo operático como é habitual dizer-se. E, com esta sua primeira incursão no género, prometeu ter capacidade para vir a ser o melhor compositor português de ópera depois (e a par) do seu mestre Joly Braga Santos."
(Carlos Pontes Leça, in "Colóquio-Artes nº 104, janeiro/março 1995)
OBRA MUSICAL COMPLETA
PIANO SOLO
Prelúdio para piano (1982) 5’
Três Momentos para piano solo (1984) 7’
Concertino para piano solo [Concerto para Metais] (1985) 15’
Pequena Obsessão Compulsiva para piano solo (1995) 1’
Meditando para piano solo (2000) 1’
Bamboleio para piano solo (1997-2000) 8’
INSTRUMENTO SOLO
Antagonia para violoncelo solo (ou violeta) (1990) 8’
The Panic Flirt para flauta solo (1992) 6’
Langará para clarinete solo (1992) 6’
Suite «A Varanda do Frangipani» para violoncelo solo (ou violeta) (1999) 7’
Cantilena para violino solo (ou violeta) (2000) 1’
Deia para violino solo (ou violeta) (2000) 1’
Ondeando para violoncelo solo (2000) 1’
São Rock para violoncelo solo (2000) 1’
Trica para contrabaixo solo (2000) 1’
Quièn me libra... para guitarra solo (1996) 2’
Rumba Palaciano para guitarra solo (2000)
Tocarola para saxofone solo (2017) 2’
MÚSICA DE CÂMARA
Prelúdio para quarteto de cordas (1982) 5’
Concerto para Metais (2 trompetes, 2 trompas, 2 trombones, tuba) (1985) 15’
Quarteto Breve para percussão (1987) 4’
Duo para Viola e Clarinete (1987) 5’
Os Nossos Dias para flauta, oboé, trompa e fagote (1987) 12’
Quarteto para Contrabaixos (1991) 6’
Burlesca para violoncelo e contrabaixo (1991) 6’
Quarteto de Cordas (1991) 11’
Suite «O Doido e a Morte» para flauta e marimba/vibrafone (1995) 7’
Dueto para Cravo e Marimba (1997) 8’
Pequena Suite Laurissilva para quarteto de cordas (2001) 6’
Sintonia para duas flautas (2007) 3’
Canteto para piano, violino, viola, violoncelo e contrabaixo (2007) 7'
Canteto para piano, violino, viola e violoncelo (2007) 7’
Trio Camoniano para violino, violoncelo e piano (2017) 10’
Sonata Adamastor para tuba (ou trompa) e piano (2017) 20’
Samambaia para acordeão e quarteto de cordas (2020) 12’
Concerto para Viola e Piano (2020) 20’
Balada dos Quatro Cantos para quinteto de sopros (2023) 30’
ORQUESTRA DE CORDAS
Versato para orquestra de cordas (1980) 5’
Prelúdio para orquestra de cordas (1982) 5’
Escaramuça para orquestra de cordas (1994) 7’
Pequena Suite Laurissilva para orquestra de cordas (2001) 6’
ORQUESTRA CLÁSSICA
Tresvariações para orquestra (1999) 10’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Abertura ‘A Rainha Louca’ para orquestra (2004) 7’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
ORQUESTRA SINFÓNICA
Três Momentos para orquestra (1984) 7’
(2-2-2-2, 4 trompas, 3 tpt, 3 trbn, 1 tb, 3 perc., celesta, cordas)
Verdiana para orquestra (2013) 10’
(2-2-2-2, 4 trompas, 3 trbn, 1 tb, harpa, cordas)
ORQUESTRA DE SOPROS
Melopeia para ensemble de sopros e percussão (2021) 8’
(2 fl., 1 ob., 2 cl., 4 sax. 1 trompa, 2 trpt., 1 trbn, 1 tuba e 1 percuss.)
MÚSICA CONCERTANTE
Concerto para Flauta e Orquestra (1988) 22’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Concerto para Viola e Orquestra (2000 / versão revista 2020) 15’
(2 fl. [+fl sol], 2 ob. [+ c.ing.], 2 cl. [+ cl.b.], 2 fg. [+ cfg], 2 trompas, cordas)
VOZ E PIANO
Dois poemas de Camões para soprano e piano (Luís de Camões) (1981) 5’
Poema de Deus e do Diabo para baixo e piano (José Régio) (2001) 10’
O Papagaio e a Galinha (Bocage), para soprano e piano (2003) 5’
Mistério para mezzo e piano (Florbela Espanca) (2006) 3'
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e piano (Luís de Camões, António Ferreira, D. Manuel de Portugal, Estêvão Rodrigues de Castro) (2011) 11'
Tríptico Camoniano para soprano ou tenor e piano (Luís de Camões) (2012) 10’
Canções do Bobo para tenor e piano (Shakespeare) (2019) 8’
Es Lisboa una Octava Maravilla para barítono e piano (Tirso de Molina) (2019) 12’
Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e piano (Alexandre Delgado)(2019) 15’
Os Ingleses Fumam Cachimbo para mezzo e piano (Almada Negreiros) (2021) 10’
VOZ E GRUPO INSTRUMENTAL
Turbilhão para baixo e quarteto de cordas (Mário de Sá Carneiro) (1987) 10’
Poema de Deus e do Diabo para baixo, flauta, clarinete, harpa, violino e violoncelo (José Régio) (2001) 10’
O Papagaio e a Galinha para soprano, quinteto de sopros e quinteto de cordas (Bocage) (2004) 5’
Santo Asinha, lenda para barítono e piano (Iva Delgado / Frederico Lourenço) (2010) 20'
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e quinteto de cordas (2011) 11'
Tríptico Camoniano para soprano ou tenor e trio com piano (Luís de Camões) (2012) 10’
Canções do Bobo para tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo e piano (Shakespeare) (2019) 8’
Rei Lear para tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo, piano e legendagem (Shakespeare) (2019) 60’
Es Lisboa una Octava Maravilla para barítono, flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano
(Tirso de Molina) (2019) 12’
Os Ingleses Fumam Cachimbo para mezzo e ensemble (Almada Negreiros) (2021) 10’
(fl., cl., vl., vc., harpa, 1 percuss.)
VOZ E ORQUESTRA
Santo Asinha, lenda para barítono e orquestra (Iva Delgado / Frederico Lourenço) (2010) 20'
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e orquestra de cordas (2011) 11'
Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e orquestra (Alexandre Delgado)(2019) 15’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
NARRADOR E PIANO
O Romance da Raposa (Aquilino Ribeiro) para narrador e piano (2018) 40’
OBRAS MUSICO-TEATRAIS
O Romance da Raposa (Aquilino Ribeiro) para quatro atores e piano (2018) 40’
Rei Lear (Shakespeare, Álvaro Cunhal trad.) para cinco atores, tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo e piano (2019) 60’
ÓPERAS
O Doido e a Morte, ópera de câmara em um ato (Alexandre Delgado, a partir de Raul Brandão) (1993) 30’
(mezzo, tenor, barítono, ator, fl.sol, cl.lá, cl.b., cfg., cravo, vl. va., vc., cb. )
A Rainha Louca, ópera de câmara em dois atos (Alexandre Delgado, a partir de Miguel Rovisco) (2009) 60’
(3 sopranos, 1 mezzo, 1 atriz, fl., ob., cl., fg., cravo, marimba, harpa, 2 vl., va, vc. e cb.)
Felizmente Há Luar, ópera em dois atos (Alexandre Delgado, a partir de Luís de Sttau Monteiro) (2024) 1h20
(2 sopranos, 2 tenores, 2 barítonos, 1 baixo, coro, orquestra)
[2 fl., 2 ob., 2 cl., 2 fg., 2 tr., 2 trpt., 1 trbn., harpa, 2 perc., cordas]
CORO A CAPPELLA
Cansonâncias para coro misto (2000) 6’
CORO E PIANO
Baila, Bailarino para coro infantil e piano (José Régio) (2015) 7’
Instrumentário para coro infantil e piano (Camilo Pessanha) (2016) 6’
O Pequeno Abeto para coro infantil e piano (Hans Christian Andersen) (2017) 45’
O Soldadinho de Chumbo para coro infantil e piano (Hans Christian Andersen) (2017) 30’
Es Lisboa una Octava Maravilla para coro e piano (Tirso de Molina) (2020) 12’
Balada dos Quatros Cantos para coro infantil e piano (Alexandre Delgado) (2022) 30’
CORO E GRUPO INSTRUMENTAL
Baila, Bailarino para coro infantil e grupo instrumental (José Régio) (2015) 7’
(cravo, flauta, clarinete, marimba e quinteto de cordas)
Balada dos Quatros Cantos para coro e quinteto de sopros (2022) 30’
CORO E ORQUESTRA
Baila, Bailarino para coro infantil e orquestra (José Régio) (2015) 7’
(cravo, flauta, clarinete, marimba e cordas)
Instrumentário para coro, piano e orquestra (Camilo Pessanha) (2016) 6’
(fl., ob., cl., orquestra de cordas)
O Pequeno Abeto para coro, narrador, piano e orquestra (Hans Christian Andersen) (2017) 45’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, 2 marimbas, percussão e orquestra de cordas)
O Soldadinho de Chumbo para coro infantil, narrador, piano e orquestra (Hans Christian Andersen) (2017) 30’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, orquestra de cordas)
Es Lisboa una Octava Maravilla para coro, piano e orquestra (Tirso de Molina) (2020) 12’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, orquestra de cordas)
Balada dos Quatros Cantos para coro infantil, piano, quinteto de sopros e orquestra de cordas (2022) 30’
NOTÍCIAS e ENTREVISTAS
Entrevista SMARTx (2024): Alexandre Delgado: uma vida dedicada à arte da composição musical
Sala Cecília Meireles (2023): Conversa de Intervalo com Alexandre Delgado
TV Amadora (2023): Música e Teatro Promovem Inclusão e Celebram Intergeracionalidade
Presidência da República Portuguesa (2023): Programa “Músicos no Palácio de Belém” com Alexandre Delgado
Educast by FCCN (2023): Entre Nós: entrevista a Alexandre Delgado
Orquestra Consonância (2019): Entrevista a Alexandre Delgado / Concerto comemorativo dos 150 anos do nascimento do Komitas
Teatro Municipal Joaquim Benite (2009): Doidos muito lá em casa - entrevista a Alexandre Delgado
Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa (2004): Entrevista a Alexandre Delgado
RTP (2007): Alexandre Delgado e José Tolentino Mendonça conversam sobre o silêncio, e sobre o seu lugar na poesia e na música.
RTP (2007): Entrevista a Alexandre Delgado
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Alexandre Delgado é um dos compositores portugueses mais proeminentes e criativos da atualidade. O seu trabalho audacioso tem expandido os caminhos da música erudita contemporânea, numa fusão entre a tradição tonal e uma linguagem contrapontística e moderna.
Para Alexandre Delgado, a melodia ocupa um lugar central na sua conceção musical, sendo de preferência memorizável e cantável. Gosta de compor sobrepondo várias linhas melódicas que se interligam, criando obras com forte caráter temático e narrativo.
O seu repertório abrange desde obras de música de câmara a grandes obras vocais e orquestrais, com destaque para as óperas de câmara O Doido e a Morte (1993) e A Rainha Louca (2009), aclamadas pela crítica e levadas à cena múltiplas vezes em Portugal e no Brasil.
Em 2014, no âmbito da comemoração dos 25 anos do 25 de Abril, estreou a ópera Felizmente Há Luar!, que a revista OperaWire classificou como "uma extraordinária nova ópera".
"Alexandre Delgado tem um profundo conhecimento e prazer pela composição instrumental, cujo rigor e eficácia revelam uma dimensão estruturada e apaixonada que determina o seu «pensamento» de compositor.” José Ribeiro da Fonte
VÍDEOS
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Alexandre
Compositor e Violetista
Portugal
A música deve ter a capacidade de contar uma história, com temas e personagens que fiquem na memória
Ouça-me:
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"O que sinto intuitivamente desde que aprendi música é que a música, de todas as artes, é aquela que mais diretamente exprime milhões de coisas." Alexandre Delgado
Alexandre Delgado nasceu em Lisboa em 1965 e desde tenra idade revelou um profundo interesse pela música. Foi uma professora da escola preparatória, a pianista Fátima Fraga, quem o incentivou a ingressar na Fundação Musical dos Amigos das Crianças quanto tinha 12 anos, aí começando os seus estudos de violino. A experiência de tocar num concerto da orquestra da escola, apenas um ano depois, foi decisiva para que desejasse seguir a carreira musical.
Paralelamente às aulas de música, começou a compor de forma intuitiva, encorajado pela sua professora de solfejo, Deodata Henriques. As suas primeiras peças, escritas sem conhecimentos formais de composição, eram interpretadas pelos colegas e uma delas chamou a atenção do compositor Joly Braga Santos, com quem estudou como aluno particular entre 1981 e 1986.
Sob a orientação de Joly, desenvolveu as bases tradicionais da composição, estreando em 1982 Prelúdio para Cordas, de cunho modal, e em 1984 Três Momentos para Orquestra, com laivos dodecafónicos. Após completar o curso geral do Conservatório de Lisboa, obteve uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura para estudar em França, entre 1986 e 1989, com Jacques Charpentier, compositor que contribuiu para enriquecer a sua linguagem. Este período de expansão viu nascer obras como o Concerto para Flauta, de cunho impressionista e neoclássico, e Evoluções na Paisagem para orquestra, ponto extremo de abstração atonal na sua produção, que lhe valeu o 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice em 1990 e o Prémio João de Freitas Branco / Fidelidade em 1992.
A partir de 1990 Delgado desenvolveu uma escrita mais idiomática para cada instrumento, conjugando cromatismo e liberdade rítmica com a utilização de notas pivô ou centros tonais. Duas obras desse período, Langará para clarinete e The Panic Flirt para flauta, tornaram-se parte do reportório desses instrumentos a nível internacional, com numerosas gravações em CD. Essa fase culminou na ópera de câmara O Doido e a Morte, estreada em Lisboa em 1994, farsa tragi-cómica em que revelou a sua veia teatral, explorando ao máximo a independência das vozes. Ópera em forma de variações, é construída a partir de um pequeno motivo melódico de cinco notas, de acordo com o seu princípio de desenvolver cada obra organicamente a partir de uma célula primordial.
O Concerto para Viola e Orquestra marca, no ano 2000, a sua transição para uma linguagem menos dissonante e mais harmónica, que oscila livremente entre o tonal, o modal e o cromático, conservando a essência contrapontística, a primazia melódica e a pulsão rítmica que lhe são características. Além da ópera A Rainha Louca (2009), podem destacar-se obras como Poema de Deus e do Diabo para baixo e grupo instrumental (2001), Canteto para quinteto com contrabaixo (2007), Santo Asinha para barítono e orquestra (2010), Trio Camoniano para voz e/ou trio com piano (2012), Sonata ‘Adamastor’ para tuba e piano (2017), Samambaia para acordeão e Quarteto de Cordas (2019), Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e orquestra (2019) e uma versão musico-teatral de Rei Lear para quinteto, tenor e cinco atores (2019), entre muitas outras obras.
Várias partituras para orquestras e coros de crianças que compôs a partir de 2014 revelam uma particular sintonia com o universo infantil, com destaque para as cantatas O Pequeno Abeto e O Soldadinho de Chumbo, baseadas em Andersen, e para a cantata Balada dos Quatro Cantos, que compôs em 2023 para um coro multi-étnico de 100 crianças de um bairro social da Amadora.
Com encomendas regulares de Portugal e do estrangeiro, Alexandre Delgado dedica-se hoje sobretudo à composição mas, ao longo de quatro décadas, também foi ativo como instrumentista, maestro, radialista, divulgador, musicólogo, programador e tradutor de libretos.
Aluno em violeta de Barbara Friedhoff, terminou o curso do instrumento em França e venceu o Prémio Jovens Músicos em 1987. Foi membro da Orquestra de Jovens da União Europeia, onde tocou sob a direção de Claudio Abbado e Zubin Mehta. Fez parte da Orquestra Gulbenkian, do Quarteto Lacerda e do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual realizou centenas de concertos entre 2005 e 2019. Estreou como solista o concerto The vigil of the angels de Ivan Moody, que lhe é dedicado, bem como o seu concerto para viola e orquestra, que tocou em Portugal, em Espanha e na Holanda.
Como maestro, começou aos 18 anos a dirigir a Orquestra de Iniciados da FMAC e dirige atualmente as duas orquestras da Academia de Música de Lisboa. Além de muitos concertos com obras de sua autoria, dirigiu várias produções da ópera O Doido e a Morte em Portugal, na Alemanha e no Brasil, a mais recente delas no Rio de Janeiro, onde a Sala Cecília Meirelles lhe dedicou um concerto monográfico em 2022.
Como radialista e divulgador, assina desde 1996 o programa “A Propósito da Música” na Antena 2, dedicado à vida e às obras dos compositores mais importantes da tradição ocidental. É também convidado regularmente como palestrante e comentador de concertos.
Como musicólogo, deve-se-lhe a coordenação e a co-autoria do livro "Luís de Freitas Branco” (2005), primeira obra de fundo dedicada ao introdutor do modernismo musical em Portugal, sobre o qual fez conferências em Itália e Espanha. É também autor dos livros A Sinfonia em Portugal e A Culpa é do Maestro, compilação de críticas musicais que assinou no Diário de Lisboa e no Público entre 1990 e 2001.
Como programador, foi diretor artístico do Cistermúsica / Festival de Música de Alcobaça entre 2002 e 2019, concebeu ciclos de música de câmara para a Artemrede e para as câmaras de Oeiras e de Cascais e programou o Festival Luís de Freitas Branco, com a 1ª audição integral da obra desse compositor. Como tradutor, assinou aclamadas versões portuguesas das óperas Hansel e Gretel, A Flauta Mágica, A Bela Adormecida, O Pequeno Limpa-Chaminés e La Serva Padrona. Neto do general Humberto Delgado, Alexandre Delgado é bisneto de Carlos de Andrade (1884-1930), compositor modernista cuja obra deu a conhecer através de uma monografia e de um concerto realizado no CCB em 2000.
A obra musical de Alexandre Delgado encontra-se publicada pela AvA Editions.
Ao longo da sua carreira, Alexandre Delgado desenvolveu uma linguagem única que combina tradição e modernidade. O seu estilo baseia-se em linhas melódicas independentes e coerência orgânica, sendo atualmente considerado um dos grandes nomes da música erudita contemporânea portuguesa.
PRÉMIOS
- 1º Prémio do Curso Superior de Violeta do Conservatório de Cannes (1987)
- 1º Prémio Jovens Músicos da RDP (Violeta - Nível Médio) (1987)
- 1ª medalha do 2º ano do Curso de Composição do Conservatório de Nice (1989)
- 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice (1990)
- Prémio João Freitas Branco / Fidelidade (1992) (Prémio do Júri e Prémio da Assistência)
- Medalha de Mérito do Concelho de Alcobaça (2010)
LINHA DO TEMPO
2024 – Faz a orquestração da ópera Felizmente Há Luar, que é estreada na Guarda e levada à cena em Lisboa, Castelo Branco, Évora, Coimbra, Braga, Faro e Santa Maria da Feira (direção de Osvaldo Ferreira, encenação de Allex Aguilera).
2023 – Organiza com Salmo Faria o Festival “Se Essa Rua Fosse Minha — 1º Festival de Música e Teatro do Casal do Silva”, onde dirige a estreia da Balada dos Quatro Cantos com um coro multi-étnico de 100 crianças e se dá a estreia da sua versão portuguesa da ópera La Serva Padrona. Escreve o libreto e compõe a versão para canto e piano da ópera Felizmente Há Luar, encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa. É convidado a ser professor das duas orquestras da Academia de Música de Lisboa. Execuções de O Soldadinho de Chumbo no Teatro do Campo Alegre, no Porto.
2022 – Compõe a Balada dos Quatro Cantos para um projeto apoiado pelo programa Interculturalidades da DGArtes. Estreia de Tocarola para saxofone e da Suite ‘O Doido e a Morte’ em versão para saxofone, por João Pedro Silva, no Convento dos Capuchos.
2021 – Compõe Melopeia para o Ensemble Lusitanus, que faz a estreia nas Caldas da Rainha e grava a obra em CD, e Os Ingleses Fumam Cachimbo para o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, que estreia a obra em Badajoz e na Nazaré. Dirige O Doido e a Morte na Sala Cecília Meirelles no Rio de Janeiro (encenação de Salmo Faria), no âmbito de um concerto monográfico que inclui Tríptico Camoniano, Es Lisboa una Octava Maravilla e a estreia de Ciclo Quinhentista em versão com quinteto de cordas. O Cistermúsica presta-lhe homenagem incluindo, além desse programa, a estreia da versão revista do Concerto para Viola e Rei Lear em versão declamada.
2020 – Compõe o quinteto Samambaia para o João Roiz Ensemble, que faz a estreia em Castelo Branco e grava a obra em CD. Durante o confinamento devido à pandemia, faz uma revisão do Concerto para viola e adapta Es Lisboa una octava maravilla para coro e orquestra. Langará é uma das obras escolhidas para a Semifinal do 16th International Clarinet Competition Salverio Mercadante em Bari (Itália).
2019 – Compõe Rei Lear para o CCB, Es Lisboa una octava maravilla para o Festival da Póvoa do Varzim (ambas destinadas ao Toy Ensemble) e Vida e Milagres de Dona Isabel para a Orquestra de Coimbra (que estreia a obra no Convento de São Francisco). The Panic Flirt é uma das obras escolhidas para o Concurso Internacional de Flauta Maxence Larrieu, em Nice. Dirige a estreia da cantata “Frei João” de Tiago Derriça num concerto da AMAC. Última edição como diretor artístico do Cistermúsica.
2018 – Termina O Soldadinho de Chumbo e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC no Tivoli e na Casa da Música. Compõe O Romance da Raposa para um espetáculo de Teresa Gafeira no Teatro de Almada. Dirige a estreia no Brasil de O Doido e a Morte, no Theatro da Paz em Belém do Pará (encenação de Salmo Faria). Programa a ópera Guerras de Alecrim e Mangerona no Cistermúsica. Estreia do Trio com Piano na Casa da Música. Lançamento em CD de O Doido e Morte.
2017 – Termina O Pequeno Abeto e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC, no Tivoli. Compõe Tocarola para saxofone e O Soldadinho de Chumbo. Revê o Tríptico Camoniano e faz versão alternativa como trio com piano, para um CD do Trio Pangea. Compõe a Sonata Adamastor para um CD do tubista Sérgio Carolino. Dirige O Doido e a Morte em versão de concerto, num concerto do Toy Ensemble que inclui Poema de Deus e o Diabo e Tríptico Camoniano, no CCB. Faz palestra sobre ópera portuguesa no Centre Gulbenkian em Paris. Estreia do Quarteto Breve para percussão na Universidade de Aveiro. O Concerto para Flauta é tocado por Nuno Inácio com a Orquestra Gulbenkian no Grande Auditório Gulbenkian. Programa a estreia moderna da ópera Inês de Castro de Giuseppe Giordani no Cistermúsica.
2016 – Retoma as emissões do “A Propósito da Música” na Antena 2, analisando a integral da obra de Bach ao longo de quatro anos. Compõe Instrumentário e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC, no Tivoli. Dirige O Doido e a Morte em versão de concerto e Dumbarton Oaks de Stravinsky com a Orquestra Metropolitana da Lisboa, no Teatro Thalia. Dirige a estreia de A Rainha Louca no Brasil, no Festival Internacional de Música de Belém do Pará (encenação de Salmo Faria). Começa a compor O Pequeno Abeto.
2015 – Termina Baila Bailarino e dirige a estreia no CCB, com o coro e as orquestras da AMAC. Toca o Concerto para Viola com a Orquestra Metropolitana de Lisboa (dir. Pedro Neves). Começa a compor O Pequeno Abeto. É convidado a lecionar violeta na Escola Profissional da Metropolitana, onde permanece durante dois anos letivos.
2014 – Compõe os dois primeiros números de Baila Bailarino. Estreia de Verdiana pela Orquestra Sinfónica Portuguesa em Lisboa e do Tríptico Camoniano em Aveiro. Dirige uma nova produção de O Doido e a Morte no Teatro Municipal de Almada (encenação de Rodrigo Francisco) e grava a obra para CD. Toca o Concerto para Viola com a Filarmonia das Beiras. Programa a ópera Il Mondo della luna de Avondano no Cistermúsica.
2013 – Compõe Tríptico Camoniano para o Ensemble Performa. Compõe Verdiana para o CCB. Devido à crise financeira, dá-se uma interrupção de dois anos e meio no programa “A Propósito da Música” da Antena 2 e passa a dirigir a Orquestra Juvenil da AMAC (antiga FMAC), onde permanecerá como professor até 2021.
2012 – Faz com o MPQ a 1ª gravação mundial em CD dos quartetos com piano de Napravnik e Rubinstein. Apresenta a integral das sinfonias de Mozart numa maratona de nove concertos dirigida por Martin André no TNSC.
2011 – Compõe o Ciclo Quinhentista para o Festival Terras Sem Sombra, onde a obra é estreada pela soprano Maria Bayo com a orquestra Divino Sospiro. Dirige a Orquestra Clássica da Madeira no Funchal. Dirige a estreia da ópera A Rainha Louca no CCB.
2010 - Compõe Santo Asinha para a Orquestra do Algarve, cuja estreia dirige em Albufeira. Recebe a Medalha de Mérito do Concelho de Alcobaça. Programa um “Ciclo de Música de Câmara” para a Câmara de Oeiras. Promove a estreia moderna de L’Angelica de João de Sousa Carvalho em Alcobaça.
2009 – Termina a ópera A Rainha Louca. Faz recital e conferência sobre Frederico de Freitas em Roma. Toca metade dos 64 quartetos de Haydn na integral promovida pela Antena 2. Doa à Biblioteca Nacional do espólio Luís de Freitas Branco que herdou de Maria Helena de Freitas e Nuno Barreiros. Nova produção de O Doido e a Morte no Teatro de Almada (direção de Fernando Fontes, encenação de Joaquim Benite). Estreia das suas versões portuguesas das óperas The Little Sweep de Britten (na Gulbenkian) e La bella dormente nel bosque de Respighi (no TNSC).
2008 – Estreia da Abertura ‘A Rainha Louca’ no festival «Prazské premiéry 2008» em Praga, dedicado às estreias europeias mais relevantes ocorridas entre 2002 e 2007. Estreia de O Papagaio e a Galinha pela OML no Zambujal. Dirige a Orquestra da Madeira e toca o Concerto para Viola. Conferência sobre Luís de Freitas Branco no festival Pórtico do Paraíso em Ourense. Concertos com o MPQ em Menorca e Maiorca. Últimos concertos com o Quarteto Lacerda.
2007 – Compõe Canteto para o festival Cameralia de Santiago de Compostela e Sintonia para a flautista Ana Cavaleiro. Faz a música do documentário «Camilo Pessanha: um poeta ao longe» de Francisco Manso. Programa e comenta um «Ciclo de Música Portuguesa» da Orquestra do Algarve. Recital com Bruno Belthoise em Rennes. O Concerto para Violeta é tocado por Jano Lisboa na Gulbenkian. Publicação do livro "Luís de Freitas Branco" (Editorial Caminho).
2006 – Compõe Mistério para mezzo e piano. Programa com Guenrikh Elessine o festival «Noites de Inverno» em Cascais. Estreia da versão portuguesa d’A Flauta Mágica na Gulbenkian. Inaugura o novo formato de concertos comentados da Orquestra Gulbenkian e de palestras pré-récita no TNSC. Faz a música para o documentário “Meu Pai, Humberto Delgado”, de Francisco Manso.
2005 – Integra o Conselho Editorial da coleção Portugalsom (até 2006) e promove a execução e a gravação da ópera As Variedades de Proteu. Programa o ciclo Mil Anos de Música para a Artemrede. Concertos com o Quarteto Lacerda em França e Itália. Torna-se membro do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual fará uma média de 30 concertos anuais até 2019. Dirige a Orquestra do Norte, tocando o seu Concerto para Viola. Récita de O Doido e a Morte no Museu do Carro Eléctrico no Porto. Organiza o Festival Luís de Freitas Branco com a audição integral da obra do compositor.
2004 – Compõe a Abertura ‘A Rainha Louca’ para a Orquestra Sinfónica Portuguesa e termina o 1º ato da ópera. Toca Lachrimae de Britten com a OSP. Estreia de nova produção de O Doido e a Morte no Teatro Efémero em Aveiro (direção de António Saiote, encenação de Jane W. Davidson). Promove a estreia moderna da Escena de la Ines de Castro de Boccherini e de Fantasia e Grandes Variações de Bomtempo no Cistermúsica.
2003 – Compõe O Papagaio e a Galinha para a soprano Catarina Molder. Toca o Concerto para Viola e Orquestra com a Orquesta de Extremadura em Badajoz e Cáceres. Faz a 1ª gravação mundial do Quarteto em Sol Maior de Viana da Mota para um CD do Quarteto Lacerda. Promove a estreia em Portugal de O Aniversário da Infanta de Franz Schreker, no âmbito do Cistermúsica. Estreia da sua versão portuguesa de Hansel und Gretel no Teatro da Trindade. Publicação do livro "A Culpa é do Maestro". Publicação do catálogo do Museu da Música com ensaio sobre a obra de Frederico de Freitas.
2002 – Estreia com o Quarteto Lacerda o Quarteto nº 2 (incompleto) de Frederico de Freitas. Torna-se diretor artístico do Cistermúsica / Festival de Música de Alcobaça, que será programado por si ao longo de 18 edições e abre nesse ano com a estreia mundial da abertura Inês de Castro de Viana da Mota. Estreia como solista o concerto The vigil of the angels, de Ivan Moody, que lhe é dedicado. Faz recitais com Álvaro Lopes Ferreira e conferências sobre a sinfonia em Portugal em Roma e L’Aquila. Começa a compor a ópera A Rainha Louca. 2ª edição do livro A Sinfonia em Portugal (Editorial Caminho).
2001 – Inaugura com o Quarteto Lacerda a nova fórmula de concertos comentados do CCB. É compositor convidado no Festival de Maastricht, onde se executam sete obras suas, incluindo o Concerto para Viola, que toca como solista. Atua com Bruno Belthoise no Centre Gulbenkian em Paris. Toca o Concerto para Violeta e Orquestra com a Orquestra Sinfónica Portuguesa. Compõe Poema de Deus e do Diabo para o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Grava em Paris a Sonatina de Armando José Fernandes, com o pianista Bruno Belthoise. 1ª edição do livro A Sinfonia em Portugal, promovida pelo Ministério da Cultura.
2000 – Revela a existência do compositor modernista Carlos de Andrade (seu bisavô) através de um concerto no CCB. Estreia Penélope no Cais da Rocha de Eugénio Rodrigues. Compõe Pequena Suite Laurissilva para um CD comemorativo da classificação da Floresta Laurissilva da Madeira pela UNESCO. Compõe o Concerto para Viola e Orquestra para o Festival de Coimbra, estreando-o como solista com a Orquestra Gulbenkian. Compõe Peças Fáceis para a FMAC, Bamboleio para piano solo e Cansonâncias para o Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
1999 – Compõe Tresvariações para a Orquestra Gulbenkian e Suite ‘A Varanda do Frangipani’ para um espetáculo do Teatro Meridional. Realiza conferência sobre Luís de Freitas Branco em Roma. Escreve ensaio sobre A Lenda dos Bailarins de Frederico de Freitas. Digressão do Quarteto Lacerda nos Açores. Estreia dos Dois Poemas de Camões. O Quarteto Arditti grava o seu Quarteto de Cordas.
1998 – Atua com o Quarteto Lacerda em Madrid, tocando o seu Quarteto de Cordas. Estreia Alap-jor-jhala-gat de João Pedro Oliveira. O TNSC dedica-lhe um concerto monográfico no Salão Nobre.
1997 – Compõe Dueto para Cravo e Marimba para os Encontros Gulbenkian. Compõe Burlesca para o Duo Contracello, que a grava em CD. Atua com o Quarteto Lacerda em Londres. O Doido e a Morte é levado à cena na Bienal de Cascais e no Festival da Póvoa do Varzim (direção de António Saiote, encenação de Pedro Wilson).
1996 - Compõe Quién Me Libra... para guitarra. Inicia nova série do "A Propósito da Música", como colaborador da Antena 2. Termina o curso médio de alemão do Goethe Institut (10º grau). Dirige O Doido e a Morte e Savitri de Gustav Holst numa produção em inglês da companhia NeueOpernbühne em Berlim (encenação de Alexander Paeffgen).
1995 - Rescinde do contrato como viola tutti da Orquestra Gulbenkian. Compõe a Suite 'O Doido e a Morte’ para flauta e marimba e Pequena Obsessão Compulsiva para piano solo. Frequenta um seminário para agentes culturais em Weimar, a convite do Goethe Institut.
1994 – Dirige a estreia de O Doido e a Morte no Teatro Nacional de São Carlos (encenação de Pedro Wilson). Langará é peça obrigatória no Concurso Internacional de Música para a Juventude. Compõe Escaramuça para a Clerkenwell Music Series, a cuja estreia assiste em Londres.
1993 – Completa o curso básico de alemão do Goethe Institut (6º grau). É convidado com Jorge Peixinho a representar a delegação portuguesa de SIMC nos World Music Days no México, onde é executada Antagonia. Compõe a ópera de câmara O Doido e a Morte para Lisboa 94, durante uma licença sem vencimento da Orquestra Gulbenkian.
1992 - Vence o Prémio João de Freitas Branco / Fidelidade com Evoluções na Paisagem, incluindo o prémio do júri e o prémio votado pela assistência. Compôõe Langará para clarinete. Compõe The Panic Flirt para flauta, a cuja estreia assiste no Festival de Presteigne (País de Gales). Rescinde o contrato como realizador do quadro da RDP.
1991 – Compõe o Quarteto para Contrabaixos, estreado num concerto monográfico promovido pelo Clube Português de Artes e Ideias. Compõe o Quarteto de Cordas com uma bolsa do Centro Nacional de Cultura. É ppromovido a realizador da Antena 2. Ingressa na Orquestra Gulbenkian como viola tutti. É convidado, com João Pedro Oliveira, a assistir ao festival "Outono de Varsóvia".
1990 - Compõe Antagonia para violoncelo solo e diploma-se com o 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice. Inicia a 1ª série do programa “A Propósito da Música” na Antena 2. Estreia de Turbilhão nos Encontros Gulbenkian. Frequenta o 35º Curso de Darmstadt, onde ouve conferências de John Cage e Iannis Xenákis e toca o Duo para Viola e Clarinete. Organiza com Nuno Barreiros, na RDP, o ciclo “Luís de Freitas Branco”, comemorativo do centenário do nascimento do compositor.
1989 - Compõe Evoluções na Paisagem para orquestra. Estreia do Concerto para Flauta e Orquestra pela Orquestra Filarmónica de Nice e recebe a 1ª medalha do 2º ano do curso de composição. Toca com Ravi Shankar na Índia, sob a direção de Zubin Mehta, numa digressão da ECYO. É convidado a lecionar composição no Conservatório Nacional e a ser assistente musical da RDP, optando por entrar para a rádio.
1988 - Compõe o Concerto para Flauta e Orquestra. Integra a Orquestra Juvenil da Comunidade Europeia, tocando Gurrelieder em Berlim sob a direção de Claudio Abbado.
1987 – Compõe Os Nossos Dias para quarteto de sopros, Duo para Violeta e Clarinete, Quarteto para Percussão e Turbilhão para baixo e quarteto de cordas. Vence o Prémio Jovens Músicos como violetista e diploma-se em viola com o 1º Prémio do Conservatório de Cannes.
1986 – Decide trocar o violino pela viola, estudando com Barbara Friedhoff. Como bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura, parte para Nice, onde estuda composição com Jacques Charpentier até 1989. Primeiro artigo publicado na imprensa (A Capital, 15/12/1986).
1985 - Compõe Concerto para Metais. Estuda violino com Vasco Barbosa. Toca pela primeira vez como profissional, num concerto da Orquestra Sinfónica da RDP.
1984 – Compõe Três Momentos para Orquestra, que são estreados pela Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos. Abandona o curso de Ciências Musicais.
1983 – Digressão à Alemanha com a Orquestra Juvenil da FMAC, incluindo execuções de Prelúdio para Cordas em Bonn, Mainz, Freiburg e Siegburg. Conclui o curso geral do Conservatório Nacional como aluno externo (Composição, Violino, Educação Musical, Acústica e História da Música). Conclui o 12º ano no Liceu D. Pedro V. Frequenta o 1º ano do Curso de Ciências Musicais da Universidade Nova, onde tem como professores com João de Freitas Branco (Estética) e Constança Capdeville (Análise e Técnicas de Composição IV). Inicia estudos de alemão no Goethe Institut.
1982 – Compõe Prelúdio para Cordas, estreado pela Orquestra Sinfónica da RDP no Teatro de São Luiz. Frequenta pela 1ª vez o Curso de Música de Barroca da Casa de Mateus, onde estudou com Marie Leonhardt em cada verão até 1985.
1981 - Inicia aulas particulares de composição com Joly Braga Santos, que se prolongam até 1986. Compõe Dois Poemas de Camões para voz e piano. Torna-se professor da Orquestra de Iniciados da FMAC, que dirige até 1986 e para a qual compõe diversas peças simples.
1980 - Estreia de Versato para cordas pela Orquestra Juvenil da FMAC, sob a direção de Leonardo de Barros.
1978 – Primeiro concerto com a Orquestra de Iniciados da FMAC, na Aula Magna.
1977 – Inicia os estudos de violino na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, incentivado pela pianista Fátima Fraga. Começa a compor de forma intuitiva, incentivado pela professora de solfejo, Deodata Henriques.
ÓPERAS
"Felizmente Há Luar" (2023-2024)
Esta nova ópera de Alexandre Delgado baseia-se na aclamada peça "Felizmente Há Luar!" de Luís de Sttau Monteiro, escrita em 1961. A obra retrata de forma alegórica a resistência contra a ditadura do Estado Novo. Inspirada na figura histórica do general Gomes Freire de Andrade, que foi condenado à morte pelo regime absolutista, a peça faz uma crítica velada ao regime salazarista, abordando temas universais como a liberdade, o poder, a coragem e a luta contra a opressão. A ópera foi encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa para assinalar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, a revolução que derrubou a ditadura e restaurou a democracia em Portugal. Ao transpor este texto fundamental do teatro português para a linguagem operática, Delgado pretendeu celebrar não só o legado artístico de Sttau Monteiro, como também homenagear o próprio 25 de Abril e os ideais de liberdade que este representou. O compositor combina tradição e técnicas contemporâneas para captar a profundidade emocional da narrativa. Estreada em maio de 2024 no Teatro da Guarda e no Teatro de São Luiz em Lisboa, até outubro a obra é levada a cena em oito cidades do país, num total de dez récitas.
Esta é a primeira adaptação operática da obra-prima de Sttau Monteiro, eternizando musicalmente o seu grito antifascista e incitando reflexões sobre a importância contínua da democracia.
Nota do Autor - Quando o saudoso Joaquim Benite encenou a minha ópera “A Rainha Louca”, em 2011, lançou-me um desafio: queria que eu compusesse uma ópera sobre o meu avô, Humberto Delgado. Mas eu disse-lhe que não era capaz, por ser um assunto demasiado pessoal. (Literalmente: eu tinha cinco meses de gestação quando a minha mãe soube que o pai dela tinha sido assassinado.) Em 2022, o maestro Osvaldo Ferreira lançou-me outro desafio: compor uma ópera sobre o 25 de abril. Também fiquei de pé atrás, desta vez por achar o tema pouco operático e por não querer compor para uma comemoração oficial. Mas lembrei-me de uma peça que podia fazer todo o sentido: “Felizmente Há Luar”. Uma peça sobre a figura histórica do general Gomes Freire, condenado à morte em 1817, nos últimos estertores do regime absolutista. Publicado em 1961, o texto de Luís de Sttau Monteiro era uma metáfora tão evidente do Estado Novo sacudido pelas eleições de 1958, que até os obtusos censores salazaristas a perceberam. Proibida, a peça só pôde ser representada em Portugal depois da revolução. E foi assim que esses dois temas, que antes recusei, me vieram parar às mãos de forma metafórica. Que é como quem diz: operática.
"A Rainha Louca" (2011)
Esta é a segunda ópera de uma “Trilogia da Loucura” projetada por Alexandre Delgado. Tem dois atos e um libreto inspirado na peça "O Tempo Feminino" de Miguel Rovisco, retratando a loucura da rainha D. Maria I. A soberana vive enclausurada num mundo de demência e alucinações, na companhia da sua criada Rosa e confrontada pela gélida Duquesa de Lafões, D. Henriqueta. Três damas da corte também aparecem traçando um retrato delirante da realidade histórica portuguesa.
A ópera transita entre situações cómicas e pungentes, com D. Maria I vivendo os seus devaneios num "século XVIII imaginário", nas palavras do compositor. Este recupera uma harmonia mais tradicional no segundo ato, permeando a partitura com citações que vão Wagner e Bizet e a bandas sonoras de cinema.
Estreada em 2011 no Centro Cultural de Belém, com encenação de Joaquim Benite, e levada à cena também no Brasil, "A Rainha Louca" é considerada uma das mais importantes óperas portuguesas contemporâneas.
Críticas a "A Rainha Louca"
“Alexandre Delgado partiu de um texto para teatro de Miguel Rovisco e fez um libreto onde convergem reflexões (e ironias) sobre um país — Portugal —, interrogações sobre a loucura e a condição humana e dados históricos sobre o reinado de D. Maria I. Figura responsável por algumas obras relevantes — a Academia das Ciências ou a Biblioteca Nacional —, D. Maria I é famosa sobretudo pela longa demência dos seus últimos anos de vida, e a extrema religiosidade que a levou a mandar construir a Basílica da Estrela, em Lisboa.
A ópera de Alexandre Delgado, revendo e resgatando a figura da louca e piedosa D. Maria, viaja por tudo aquilo com assinalável jogo de cintura — a começar pela música, com ‘sons de um século XVIII imaginário’ (das danças de corte à Marselhesa) ao lado de citações da cultura popular (da ópera ao cinema), cruzados com uma linguagem própria — tradicional mas consistente — onde há lugar para drama,divertimento e… uma pontinha de loucura. Ainda bem — é refrescante ver como Alexandre Delgado, compositor que toca, músico que dirige, maestro que divulga (e naturalmente se encarregou ele próprio de dirigir a Orchestrutopica), criou uma pequena e bem construída ópera ligeira, pessimista mas bem humorada, despretensiosa mas séria.”
(Pedro Boléo, in Público, 11/07/2011)
“É inegável o talento de Alexandre Delgado para a ópera. Só lamento que a dispersão necessária para ganhar a vida não lhe permita uma maior dedicação à composição teatral. A primeira peça da sua trilogia operática sobre a loucura, baseada em ‘O Doido e a Morte’ (1923) de Raul Brandão, apareceu nos idos de 1994. Para a segunda, agora estreada no âmbito do Festival de Almada, foi buscar ‘O Tempo Feminino’ — parte da ‘Trilogia Portuguesa’ de Miguel Rovisco (1959-1987) — , cuja protagonista é a nossa rainha louca, D. Maria I. Só desejo que não tenhamos que esperar outros 17 anos pela terceira e última parte, dedicada a El-Rei Dom Sebastião, o causador da nossa desgraça. (…)
Há muito que D. Maria (1734-1816) era um personagem à procura de um compositor. (…) E é ela — numa criação impressionante de Ana Ester Neves — quem inexoravelmente domina ‘A Rainha Louca’, de Delgado. Diga-se já que a linguagem é eminentemente evocativa e dramática, com apropriadas caracterizações tímbricas e harmónicas das figuras principais (todas femininas): a harpa para a protagonista, o cravo para a sua jovem dama de companhia, Henriqueta (casada com o septuagenário Duque de Lafões, tio da Rainha), e a marimba para a criada preta, Rosa (papel falado), a representante do ‘bom selvagem’, alegre, criativo e energético. O adorável século XVIII é também ilustrado nos ritmos de dança, que permeiam toda a partitura (essencialmente tonal). O ecletismo estende-se às mais variadas citações (eruditas e populares) — da entrada da Rainha da Noite à séguidille da ‘Carmen’, às bandas fílmicas e às canções de Beatriz Costa. Com uma orquestra de câmara de uma dúzia de músicos (à maneira de Britten), o todo está muito bem cerzido e a fluência dramática raramente afrouxa.”
(Jorge Calado in Expresso, 16/07/2011)
"O Doido e a Morte" (1994)
Esta ópera de câmara em um ato é baseada na famosa farsa homónima de Raul Brandão (1923). Com libreto do próprio Delgado, retrata de forma alegórica a condição humana, cruzando o trágico e o cómico num delírio alucinante.
A trama gira em torno do Governador Civil e do milionário Sr. Milhões. Este último chega com uma caixa que supostamente contém um poderoso explosivo. Pelo meio surge a mulher do Governador, Aninhas. No no final revela-se que a caixa apenas contém algodão e que o Senhor Milhões é um paciente fugido de um hospício.
Com a duração de apenas 30 minutos, a ópera é um tour-de-force de musicalidade e prosódia exemplar na língua portuguesa. Delgado tira proveito das irregularidades do idioma na linha de canto e confere um forte sentido teatral, com cada instrumento como uma espécie de personagem.
Muito elogiada pela crítica desde a sua estreia em 1994 no Teatro Nacional de São Carlos, "O Doido e a Morte" tem sido reencenada diversas vezes em Portugal e no estrangeiro.
Críticas a "O Doido e a Morte"
"A noite de 9 de Novembro no São Carlos deve ficar em lugar glorioso na história do nosso teatro nacional de ópera (...). Alexandre Delgado mostrou-se capaz de defrontar vitoriosamente de um texto-jóia do teatro português, como é O Doido e a Morte., de Raul Brandão. (...) A música de Delgado é um achado na simbiose da orquestração e do canto ou fala em que não há deslizes do princípio ao fim da partitura."
(José Blanc de Portugal, in "Diário de Notícias, 12/11/1994)
"No descalabro geral de encomendas musicais a compositores portugueses por parte de Lisboa-94, uma única memória fica: 'O Doido e a Morte', de Alexandre Delgado, que (...) é caso inédito em mais de 20 anos, de uma ópera que se deseja ver reposta em melhores conduções de produção (...). As soluções instrumentais são assaz interessantes, quando não mesmo brilhantes (...) Um dos aspectos mais salientes da obra é a proeminência e diversidade rítmica (...)"
(Augusto M. Seabra, in "Público", 13/11/1994)
"O mais fascinante é que, enquanto dura, não existem quebras de tensão, não há momentos mortos. Nesse aspecto, em muito conta a natureza incisiva do tratamento do texto, o qual funciona como como polo de atracção onde se conjugam música e encenação. Em termos musicais, a prosódia da vocalidade sustenta-se na imaginativa base instrumental utilizada (...)."
(Filipe Mesquita de Oliveira, in "Expresso", 19/11/1994)
"Não falta, na verdade, a Alexandre Delgado o sentido da gestualidade teatral, tanto mais que a soube servir com economia de meios. (...) Mas o contributo mais inovador ou mais original incide sobretudo na dimensão fonético-musical. Alexandre Delgado observou as correlações entre entoações típicas do português falado e as situações comunicacionais envolvendo interlocutores com diferentes perfis psicológicos e sociais (...) e construiu a partir daí a vocalidade das personagens."
(Mário Vieira de Carvalho, in "Jornal de Letras", 23/11/1994)
"A farsa homónima de Raul Brandão foi posta em música com particular brilho e sentido de humor. Alexandre delgado prova, além disso, que a língua portuguesa não é assim tão imprópria para o consumo operático como é habitual dizer-se. E, com esta sua primeira incursão no género, prometeu ter capacidade para vir a ser o melhor compositor português de ópera depois (e a par) do seu mestre Joly Braga Santos."
(Carlos Pontes Leça, in "Colóquio-Artes nº 104, janeiro/março 1995)
OBRA MUSICAL COMPLETA
PIANO SOLO
Prelúdio para piano (1982) 5’
Três Momentos para piano solo (1984) 7’
Concertino para piano solo [Concerto para Metais] (1985) 15’
Pequena Obsessão Compulsiva para piano solo (1995) 1’
Meditando para piano solo (2000) 1’
Bamboleio para piano solo (1997-2000) 8’
INSTRUMENTO SOLO
Antagonia para violoncelo solo (ou violeta) (1990) 8’
The Panic Flirt para flauta solo (1992) 6’
Langará para clarinete solo (1992) 6’
Suite «A Varanda do Frangipani» para violoncelo solo (ou violeta) (1999) 7’
Cantilena para violino solo (ou violeta) (2000) 1’
Deia para violino solo (ou violeta) (2000) 1’
Ondeando para violoncelo solo (2000) 1’
São Rock para violoncelo solo (2000) 1’
Trica para contrabaixo solo (2000) 1’
Quièn me libra... para guitarra solo (1996) 2’
Rumba Palaciano para guitarra solo (2000)
Tocarola para saxofone solo (2017) 2’
MÚSICA DE CÂMARA
Prelúdio para quarteto de cordas (1982) 5’
Concerto para Metais (2 trompetes, 2 trompas, 2 trombones, tuba) (1985) 15’
Quarteto Breve para percussão (1987) 4’
Duo para Viola e Clarinete (1987) 5’
Os Nossos Dias para flauta, oboé, trompa e fagote (1987) 12’
Quarteto para Contrabaixos (1991) 6’
Burlesca para violoncelo e contrabaixo (1991) 6’
Quarteto de Cordas (1991) 11’
Suite «O Doido e a Morte» para flauta e marimba/vibrafone (1995) 7’
Dueto para Cravo e Marimba (1997) 8’
Pequena Suite Laurissilva para quarteto de cordas (2001) 6’
Sintonia para duas flautas (2007) 3’
Canteto para piano, violino, viola, violoncelo e contrabaixo (2007) 7'
Canteto para piano, violino, viola e violoncelo (2007) 7’
Trio Camoniano para violino, violoncelo e piano (2017) 10’
Sonata Adamastor para tuba (ou trompa) e piano (2017) 20’
Samambaia para acordeão e quarteto de cordas (2020) 12’
Concerto para Viola e Piano (2020) 20’
Balada dos Quatro Cantos para quinteto de sopros (2023) 30’
ORQUESTRA DE CORDAS
Versato para orquestra de cordas (1980) 5’
Prelúdio para orquestra de cordas (1982) 5’
Escaramuça para orquestra de cordas (1994) 7’
Pequena Suite Laurissilva para orquestra de cordas (2001) 6’
ORQUESTRA CLÁSSICA
Tresvariações para orquestra (1999) 10’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Abertura ‘A Rainha Louca’ para orquestra (2004) 7’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
ORQUESTRA SINFÓNICA
Três Momentos para orquestra (1984) 7’
(2-2-2-2, 4 trompas, 3 tpt, 3 trbn, 1 tb, 3 perc., celesta, cordas)
Verdiana para orquestra (2013) 10’
(2-2-2-2, 4 trompas, 3 trbn, 1 tb, harpa, cordas)
ORQUESTRA DE SOPROS
Melopeia para ensemble de sopros e percussão (2021) 8’
(2 fl., 1 ob., 2 cl., 4 sax. 1 trompa, 2 trpt., 1 trbn, 1 tuba e 1 percuss.)
MÚSICA CONCERTANTE
Concerto para Flauta e Orquestra (1988) 22’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Concerto para Viola e Orquestra (2000 / versão revista 2020) 15’
(2 fl. [+fl sol], 2 ob. [+ c.ing.], 2 cl. [+ cl.b.], 2 fg. [+ cfg], 2 trompas, cordas)
VOZ E PIANO
Dois poemas de Camões para soprano e piano (Luís de Camões) (1981) 5’
Poema de Deus e do Diabo para baixo e piano (José Régio) (2001) 10’
O Papagaio e a Galinha (Bocage), para soprano e piano (2003) 5’
Mistério para mezzo e piano (Florbela Espanca) (2006) 3'
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e piano (Luís de Camões, António Ferreira, D. Manuel de Portugal, Estêvão Rodrigues de Castro) (2011) 11'
Tríptico Camoniano para soprano ou tenor e piano (Luís de Camões) (2012) 10’
Canções do Bobo para tenor e piano (Shakespeare) (2019) 8’
Es Lisboa una Octava Maravilla para barítono e piano (Tirso de Molina) (2019) 12’
Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e piano (Alexandre Delgado)(2019) 15’
Os Ingleses Fumam Cachimbo para mezzo e piano (Almada Negreiros) (2021) 10’
VOZ E GRUPO INSTRUMENTAL
Turbilhão para baixo e quarteto de cordas (Mário de Sá Carneiro) (1987) 10’
Poema de Deus e do Diabo para baixo, flauta, clarinete, harpa, violino e violoncelo (José Régio) (2001) 10’
O Papagaio e a Galinha para soprano, quinteto de sopros e quinteto de cordas (Bocage) (2004) 5’
Santo Asinha, lenda para barítono e piano (Iva Delgado / Frederico Lourenço) (2010) 20'
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e quinteto de cordas (2011) 11'
Tríptico Camoniano para soprano ou tenor e trio com piano (Luís de Camões) (2012) 10’
Canções do Bobo para tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo e piano (Shakespeare) (2019) 8’
Rei Lear para tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo, piano e legendagem (Shakespeare) (2019) 60’
Es Lisboa una Octava Maravilla para barítono, flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano
(Tirso de Molina) (2019) 12’
Os Ingleses Fumam Cachimbo para mezzo e ensemble (Almada Negreiros) (2021) 10’
(fl., cl., vl., vc., harpa, 1 percuss.)
VOZ E ORQUESTRA
Santo Asinha, lenda para barítono e orquestra (Iva Delgado / Frederico Lourenço) (2010) 20'
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e orquestra de cordas (2011) 11'
Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e orquestra (Alexandre Delgado)(2019) 15’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
NARRADOR E PIANO
O Romance da Raposa (Aquilino Ribeiro) para narrador e piano (2018) 40’
OBRAS MUSICO-TEATRAIS
O Romance da Raposa (Aquilino Ribeiro) para quatro atores e piano (2018) 40’
Rei Lear (Shakespeare, Álvaro Cunhal trad.) para cinco atores, tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo e piano (2019) 60’
ÓPERAS
O Doido e a Morte, ópera de câmara em um ato (Alexandre Delgado, a partir de Raul Brandão) (1993) 30’
(mezzo, tenor, barítono, ator, fl.sol, cl.lá, cl.b., cfg., cravo, vl. va., vc., cb. )
A Rainha Louca, ópera de câmara em dois atos (Alexandre Delgado, a partir de Miguel Rovisco) (2009) 60’
(3 sopranos, 1 mezzo, 1 atriz, fl., ob., cl., fg., cravo, marimba, harpa, 2 vl., va, vc. e cb.)
Felizmente Há Luar, ópera em dois atos (Alexandre Delgado, a partir de Luís de Sttau Monteiro) (2024) 1h20
(2 sopranos, 2 tenores, 2 barítonos, 1 baixo, coro, orquestra)
[2 fl., 2 ob., 2 cl., 2 fg., 2 tr., 2 trpt., 1 trbn., harpa, 2 perc., cordas]
CORO A CAPPELLA
Cansonâncias para coro misto (2000) 6’
CORO E PIANO
Baila, Bailarino para coro infantil e piano (José Régio) (2015) 7’
Instrumentário para coro infantil e piano (Camilo Pessanha) (2016) 6’
O Pequeno Abeto para coro infantil e piano (Hans Christian Andersen) (2017) 45’
O Soldadinho de Chumbo para coro infantil e piano (Hans Christian Andersen) (2017) 30’
Es Lisboa una Octava Maravilla para coro e piano (Tirso de Molina) (2020) 12’
Balada dos Quatros Cantos para coro infantil e piano (Alexandre Delgado) (2022) 30’
CORO E GRUPO INSTRUMENTAL
Baila, Bailarino para coro infantil e grupo instrumental (José Régio) (2015) 7’
(cravo, flauta, clarinete, marimba e quinteto de cordas)
Balada dos Quatros Cantos para coro e quinteto de sopros (2022) 30’
CORO E ORQUESTRA
Baila, Bailarino para coro infantil e orquestra (José Régio) (2015) 7’
(cravo, flauta, clarinete, marimba e cordas)
Instrumentário para coro, piano e orquestra (Camilo Pessanha) (2016) 6’
(fl., ob., cl., orquestra de cordas)
O Pequeno Abeto para coro, narrador, piano e orquestra (Hans Christian Andersen) (2017) 45’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, 2 marimbas, percussão e orquestra de cordas)
O Soldadinho de Chumbo para coro infantil, narrador, piano e orquestra (Hans Christian Andersen) (2017) 30’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, orquestra de cordas)
Es Lisboa una Octava Maravilla para coro, piano e orquestra (Tirso de Molina) (2020) 12’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, orquestra de cordas)
Balada dos Quatros Cantos para coro infantil, piano, quinteto de sopros e orquestra de cordas (2022) 30’
NOTÍCIAS e ENTREVISTAS
Entrevista SMARTx (2024): Alexandre Delgado: uma vida dedicada à arte da composição musical
Sala Cecília Meireles (2023): Conversa de Intervalo com Alexandre Delgado
TV Amadora (2023): Música e Teatro Promovem Inclusão e Celebram Intergeracionalidade
Presidência da República Portuguesa (2023): Programa “Músicos no Palácio de Belém” com Alexandre Delgado
Educast by FCCN (2023): Entre Nós: entrevista a Alexandre Delgado
Orquestra Consonância (2019): Entrevista a Alexandre Delgado / Concerto comemorativo dos 150 anos do nascimento do Komitas
Teatro Municipal Joaquim Benite (2009): Doidos muito lá em casa - entrevista a Alexandre Delgado
Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa (2004): Entrevista a Alexandre Delgado
RTP (2007): Alexandre Delgado e José Tolentino Mendonça conversam sobre o silêncio, e sobre o seu lugar na poesia e na música.
RTP (2007): Entrevista a Alexandre Delgado
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Alexandre Delgado é um dos compositores portugueses mais proeminentes e criativos da atualidade. O seu trabalho audacioso tem expandido os caminhos da música erudita contemporânea, numa fusão entre a tradição tonal e uma linguagem contrapontística e moderna.
Para Alexandre Delgado, a melodia ocupa um lugar central na sua conceção musical, sendo de preferência memorizável e cantável. Gosta de compor sobrepondo várias linhas melódicas que se interligam, criando obras com forte caráter temático e narrativo.
O seu repertório abrange desde obras de música de câmara a grandes obras vocais e orquestrais, com destaque para as óperas de câmara O Doido e a Morte (1993) e A Rainha Louca (2009), aclamadas pela crítica e levadas à cena múltiplas vezes em Portugal e no Brasil.
Em 2014, no âmbito da comemoração dos 25 anos do 25 de Abril, estreou a ópera Felizmente Há Luar!, que a revista OperaWire classificou como "uma extraordinária nova ópera".
"Alexandre Delgado tem um profundo conhecimento e prazer pela composição instrumental, cujo rigor e eficácia revelam uma dimensão estruturada e apaixonada que determina o seu «pensamento» de compositor.” José Ribeiro da Fonte
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Alexandre Delgado
Compositor e Violetista
Portugal
A música deve ter a capacidade de contar uma história, com temas e personagens que fiquem na memória
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"O que sinto intuitivamente desde que aprendi música é que a música, de todas as artes, é aquela que mais diretamente exprime milhões de coisas." Alexandre Delgado
Alexandre Delgado nasceu em Lisboa em 1965 e desde tenra idade revelou um profundo interesse pela música. Foi uma professora da escola preparatória, a pianista Fátima Fraga, quem o incentivou a ingressar na Fundação Musical dos Amigos das Crianças quanto tinha 12 anos, aí começando os seus estudos de violino. A experiência de tocar num concerto da orquestra da escola, apenas um ano depois, foi decisiva para que desejasse seguir a carreira musical.
Paralelamente às aulas de música, começou a compor de forma intuitiva, encorajado pela sua professora de solfejo, Deodata Henriques. As suas primeiras peças, escritas sem conhecimentos formais de composição, eram interpretadas pelos colegas e uma delas chamou a atenção do compositor Joly Braga Santos, com quem estudou como aluno particular entre 1981 e 1986.
Sob a orientação de Joly, desenvolveu as bases tradicionais da composição, estreando em 1982 Prelúdio para Cordas, de cunho modal, e em 1984 Três Momentos para Orquestra, com laivos dodecafónicos. Após completar o curso geral do Conservatório de Lisboa, obteve uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura para estudar em França, entre 1986 e 1989, com Jacques Charpentier, compositor que contribuiu para enriquecer a sua linguagem. Este período de expansão viu nascer obras como o Concerto para Flauta, de cunho impressionista e neoclássico, e Evoluções na Paisagem para orquestra, ponto extremo de abstração atonal na sua produção, que lhe valeu o 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice em 1990 e o Prémio João de Freitas Branco / Fidelidade em 1992.
A partir de 1990 Delgado desenvolveu uma escrita mais idiomática para cada instrumento, conjugando cromatismo e liberdade rítmica com a utilização de notas pivô ou centros tonais. Duas obras desse período, Langará para clarinete e The Panic Flirt para flauta, tornaram-se parte do reportório desses instrumentos a nível internacional, com numerosas gravações em CD. Essa fase culminou na ópera de câmara O Doido e a Morte, estreada em Lisboa em 1994, farsa tragi-cómica em que revelou a sua veia teatral, explorando ao máximo a independência das vozes. Ópera em forma de variações, é construída a partir de um pequeno motivo melódico de cinco notas, de acordo com o seu princípio de desenvolver cada obra organicamente a partir de uma célula primordial.
O Concerto para Viola e Orquestra marca, no ano 2000, a sua transição para uma linguagem menos dissonante e mais harmónica, que oscila livremente entre o tonal, o modal e o cromático, conservando a essência contrapontística, a primazia melódica e a pulsão rítmica que lhe são características. Além da ópera A Rainha Louca (2009), podem destacar-se obras como Poema de Deus e do Diabo para baixo e grupo instrumental (2001), Canteto para quinteto com contrabaixo (2007), Santo Asinha para barítono e orquestra (2010), Trio Camoniano para voz e/ou trio com piano (2012), Sonata ‘Adamastor’ para tuba e piano (2017), Samambaia para acordeão e Quarteto de Cordas (2019), Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e orquestra (2019) e uma versão musico-teatral de Rei Lear para quinteto, tenor e cinco atores (2019), entre muitas outras obras.
Várias partituras para orquestras e coros de crianças que compôs a partir de 2014 revelam uma particular sintonia com o universo infantil, com destaque para as cantatas O Pequeno Abeto e O Soldadinho de Chumbo, baseadas em Andersen, e para a cantata Balada dos Quatro Cantos, que compôs em 2023 para um coro multi-étnico de 100 crianças de um bairro social da Amadora.
Com encomendas regulares de Portugal e do estrangeiro, Alexandre Delgado dedica-se hoje sobretudo à composição mas, ao longo de quatro décadas, também foi ativo como instrumentista, maestro, radialista, divulgador, musicólogo, programador e tradutor de libretos.
Aluno em violeta de Barbara Friedhoff, terminou o curso do instrumento em França e venceu o Prémio Jovens Músicos em 1987. Foi membro da Orquestra de Jovens da União Europeia, onde tocou sob a direção de Claudio Abbado e Zubin Mehta. Fez parte da Orquestra Gulbenkian, do Quarteto Lacerda e do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual realizou centenas de concertos entre 2005 e 2019. Estreou como solista o concerto The vigil of the angels de Ivan Moody, que lhe é dedicado, bem como o seu concerto para viola e orquestra, que tocou em Portugal, em Espanha e na Holanda.
Como maestro, começou aos 18 anos a dirigir a Orquestra de Iniciados da FMAC e dirige atualmente as duas orquestras da Academia de Música de Lisboa. Além de muitos concertos com obras de sua autoria, dirigiu várias produções da ópera O Doido e a Morte em Portugal, na Alemanha e no Brasil, a mais recente delas no Rio de Janeiro, onde a Sala Cecília Meirelles lhe dedicou um concerto monográfico em 2022.
Como radialista e divulgador, assina desde 1996 o programa “A Propósito da Música” na Antena 2, dedicado à vida e às obras dos compositores mais importantes da tradição ocidental. É também convidado regularmente como palestrante e comentador de concertos.
Como musicólogo, deve-se-lhe a coordenação e a co-autoria do livro "Luís de Freitas Branco” (2005), primeira obra de fundo dedicada ao introdutor do modernismo musical em Portugal, sobre o qual fez conferências em Itália e Espanha. É também autor dos livros A Sinfonia em Portugal e A Culpa é do Maestro, compilação de críticas musicais que assinou no Diário de Lisboa e no Público entre 1990 e 2001.
Como programador, foi diretor artístico do Cistermúsica / Festival de Música de Alcobaça entre 2002 e 2019, concebeu ciclos de música de câmara para a Artemrede e para as câmaras de Oeiras e de Cascais e programou o Festival Luís de Freitas Branco, com a 1ª audição integral da obra desse compositor. Como tradutor, assinou aclamadas versões portuguesas das óperas Hansel e Gretel, A Flauta Mágica, A Bela Adormecida, O Pequeno Limpa-Chaminés e La Serva Padrona. Neto do general Humberto Delgado, Alexandre Delgado é bisneto de Carlos de Andrade (1884-1930), compositor modernista cuja obra deu a conhecer através de uma monografia e de um concerto realizado no CCB em 2000.
A obra musical de Alexandre Delgado encontra-se publicada pela AvA Editions.
Ao longo da sua carreira, Alexandre Delgado desenvolveu uma linguagem única que combina tradição e modernidade. O seu estilo baseia-se em linhas melódicas independentes e coerência orgânica, sendo atualmente considerado um dos grandes nomes da música erudita contemporânea portuguesa.
PRÉMIOS
- 1º Prémio do Curso Superior de Violeta do Conservatório de Cannes (1987)
- 1º Prémio Jovens Músicos da RDP (Violeta - Nível Médio) (1987)
- 1ª medalha do 2º ano do Curso de Composição do Conservatório de Nice (1989)
- 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice (1990)
- Prémio João Freitas Branco / Fidelidade (1992) (Prémio do Júri e Prémio da Assistência)
- Medalha de Mérito do Concelho de Alcobaça (2010)
LINHA DO TEMPO
2024 – Faz a orquestração da ópera Felizmente Há Luar, que é estreada na Guarda e levada à cena em Lisboa, Castelo Branco, Évora, Coimbra, Braga, Faro e Santa Maria da Feira (direção de Osvaldo Ferreira, encenação de Allex Aguilera).
2023 – Organiza com Salmo Faria o Festival “Se Essa Rua Fosse Minha — 1º Festival de Música e Teatro do Casal do Silva”, onde dirige a estreia da Balada dos Quatro Cantos com um coro multi-étnico de 100 crianças e se dá a estreia da sua versão portuguesa da ópera La Serva Padrona. Escreve o libreto e compõe a versão para canto e piano da ópera Felizmente Há Luar, encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa. É convidado a ser professor das duas orquestras da Academia de Música de Lisboa. Execuções de O Soldadinho de Chumbo no Teatro do Campo Alegre, no Porto.
2022 – Compõe a Balada dos Quatro Cantos para um projeto apoiado pelo programa Interculturalidades da DGArtes. Estreia de Tocarola para saxofone e da Suite ‘O Doido e a Morte’ em versão para saxofone, por João Pedro Silva, no Convento dos Capuchos.
2021 – Compõe Melopeia para o Ensemble Lusitanus, que faz a estreia nas Caldas da Rainha e grava a obra em CD, e Os Ingleses Fumam Cachimbo para o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, que estreia a obra em Badajoz e na Nazaré. Dirige O Doido e a Morte na Sala Cecília Meirelles no Rio de Janeiro (encenação de Salmo Faria), no âmbito de um concerto monográfico que inclui Tríptico Camoniano, Es Lisboa una Octava Maravilla e a estreia de Ciclo Quinhentista em versão com quinteto de cordas. O Cistermúsica presta-lhe homenagem incluindo, além desse programa, a estreia da versão revista do Concerto para Viola e Rei Lear em versão declamada.
2020 – Compõe o quinteto Samambaia para o João Roiz Ensemble, que faz a estreia em Castelo Branco e grava a obra em CD. Durante o confinamento devido à pandemia, faz uma revisão do Concerto para viola e adapta Es Lisboa una octava maravilla para coro e orquestra. Langará é uma das obras escolhidas para a Semifinal do 16th International Clarinet Competition Salverio Mercadante em Bari (Itália).
2019 – Compõe Rei Lear para o CCB, Es Lisboa una octava maravilla para o Festival da Póvoa do Varzim (ambas destinadas ao Toy Ensemble) e Vida e Milagres de Dona Isabel para a Orquestra de Coimbra (que estreia a obra no Convento de São Francisco). The Panic Flirt é uma das obras escolhidas para o Concurso Internacional de Flauta Maxence Larrieu, em Nice. Dirige a estreia da cantata “Frei João” de Tiago Derriça num concerto da AMAC. Última edição como diretor artístico do Cistermúsica.
2018 – Termina O Soldadinho de Chumbo e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC no Tivoli e na Casa da Música. Compõe O Romance da Raposa para um espetáculo de Teresa Gafeira no Teatro de Almada. Dirige a estreia no Brasil de O Doido e a Morte, no Theatro da Paz em Belém do Pará (encenação de Salmo Faria). Programa a ópera Guerras de Alecrim e Mangerona no Cistermúsica. Estreia do Trio com Piano na Casa da Música. Lançamento em CD de O Doido e Morte.
2017 – Termina O Pequeno Abeto e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC, no Tivoli. Compõe Tocarola para saxofone e O Soldadinho de Chumbo. Revê o Tríptico Camoniano e faz versão alternativa como trio com piano, para um CD do Trio Pangea. Compõe a Sonata Adamastor para um CD do tubista Sérgio Carolino. Dirige O Doido e a Morte em versão de concerto, num concerto do Toy Ensemble que inclui Poema de Deus e o Diabo e Tríptico Camoniano, no CCB. Faz palestra sobre ópera portuguesa no Centre Gulbenkian em Paris. Estreia do Quarteto Breve para percussão na Universidade de Aveiro. O Concerto para Flauta é tocado por Nuno Inácio com a Orquestra Gulbenkian no Grande Auditório Gulbenkian. Programa a estreia moderna da ópera Inês de Castro de Giuseppe Giordani no Cistermúsica.
2016 – Retoma as emissões do “A Propósito da Música” na Antena 2, analisando a integral da obra de Bach ao longo de quatro anos. Compõe Instrumentário e dirige a estreia com o coro e as orquestras da AMAC, no Tivoli. Dirige O Doido e a Morte em versão de concerto e Dumbarton Oaks de Stravinsky com a Orquestra Metropolitana da Lisboa, no Teatro Thalia. Dirige a estreia de A Rainha Louca no Brasil, no Festival Internacional de Música de Belém do Pará (encenação de Salmo Faria). Começa a compor O Pequeno Abeto.
2015 – Termina Baila Bailarino e dirige a estreia no CCB, com o coro e as orquestras da AMAC. Toca o Concerto para Viola com a Orquestra Metropolitana de Lisboa (dir. Pedro Neves). Começa a compor O Pequeno Abeto. É convidado a lecionar violeta na Escola Profissional da Metropolitana, onde permanece durante dois anos letivos.
2014 – Compõe os dois primeiros números de Baila Bailarino. Estreia de Verdiana pela Orquestra Sinfónica Portuguesa em Lisboa e do Tríptico Camoniano em Aveiro. Dirige uma nova produção de O Doido e a Morte no Teatro Municipal de Almada (encenação de Rodrigo Francisco) e grava a obra para CD. Toca o Concerto para Viola com a Filarmonia das Beiras. Programa a ópera Il Mondo della luna de Avondano no Cistermúsica.
2013 – Compõe Tríptico Camoniano para o Ensemble Performa. Compõe Verdiana para o CCB. Devido à crise financeira, dá-se uma interrupção de dois anos e meio no programa “A Propósito da Música” da Antena 2 e passa a dirigir a Orquestra Juvenil da AMAC (antiga FMAC), onde permanecerá como professor até 2021.
2012 – Faz com o MPQ a 1ª gravação mundial em CD dos quartetos com piano de Napravnik e Rubinstein. Apresenta a integral das sinfonias de Mozart numa maratona de nove concertos dirigida por Martin André no TNSC.
2011 – Compõe o Ciclo Quinhentista para o Festival Terras Sem Sombra, onde a obra é estreada pela soprano Maria Bayo com a orquestra Divino Sospiro. Dirige a Orquestra Clássica da Madeira no Funchal. Dirige a estreia da ópera A Rainha Louca no CCB.
2010 - Compõe Santo Asinha para a Orquestra do Algarve, cuja estreia dirige em Albufeira. Recebe a Medalha de Mérito do Concelho de Alcobaça. Programa um “Ciclo de Música de Câmara” para a Câmara de Oeiras. Promove a estreia moderna de L’Angelica de João de Sousa Carvalho em Alcobaça.
2009 – Termina a ópera A Rainha Louca. Faz recital e conferência sobre Frederico de Freitas em Roma. Toca metade dos 64 quartetos de Haydn na integral promovida pela Antena 2. Doa à Biblioteca Nacional do espólio Luís de Freitas Branco que herdou de Maria Helena de Freitas e Nuno Barreiros. Nova produção de O Doido e a Morte no Teatro de Almada (direção de Fernando Fontes, encenação de Joaquim Benite). Estreia das suas versões portuguesas das óperas The Little Sweep de Britten (na Gulbenkian) e La bella dormente nel bosque de Respighi (no TNSC).
2008 – Estreia da Abertura ‘A Rainha Louca’ no festival «Prazské premiéry 2008» em Praga, dedicado às estreias europeias mais relevantes ocorridas entre 2002 e 2007. Estreia de O Papagaio e a Galinha pela OML no Zambujal. Dirige a Orquestra da Madeira e toca o Concerto para Viola. Conferência sobre Luís de Freitas Branco no festival Pórtico do Paraíso em Ourense. Concertos com o MPQ em Menorca e Maiorca. Últimos concertos com o Quarteto Lacerda.
2007 – Compõe Canteto para o festival Cameralia de Santiago de Compostela e Sintonia para a flautista Ana Cavaleiro. Faz a música do documentário «Camilo Pessanha: um poeta ao longe» de Francisco Manso. Programa e comenta um «Ciclo de Música Portuguesa» da Orquestra do Algarve. Recital com Bruno Belthoise em Rennes. O Concerto para Violeta é tocado por Jano Lisboa na Gulbenkian. Publicação do livro "Luís de Freitas Branco" (Editorial Caminho).
2006 – Compõe Mistério para mezzo e piano. Programa com Guenrikh Elessine o festival «Noites de Inverno» em Cascais. Estreia da versão portuguesa d’A Flauta Mágica na Gulbenkian. Inaugura o novo formato de concertos comentados da Orquestra Gulbenkian e de palestras pré-récita no TNSC. Faz a música para o documentário “Meu Pai, Humberto Delgado”, de Francisco Manso.
2005 – Integra o Conselho Editorial da coleção Portugalsom (até 2006) e promove a execução e a gravação da ópera As Variedades de Proteu. Programa o ciclo Mil Anos de Música para a Artemrede. Concertos com o Quarteto Lacerda em França e Itália. Torna-se membro do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual fará uma média de 30 concertos anuais até 2019. Dirige a Orquestra do Norte, tocando o seu Concerto para Viola. Récita de O Doido e a Morte no Museu do Carro Eléctrico no Porto. Organiza o Festival Luís de Freitas Branco com a audição integral da obra do compositor.
2004 – Compõe a Abertura ‘A Rainha Louca’ para a Orquestra Sinfónica Portuguesa e termina o 1º ato da ópera. Toca Lachrimae de Britten com a OSP. Estreia de nova produção de O Doido e a Morte no Teatro Efémero em Aveiro (direção de António Saiote, encenação de Jane W. Davidson). Promove a estreia moderna da Escena de la Ines de Castro de Boccherini e de Fantasia e Grandes Variações de Bomtempo no Cistermúsica.
2003 – Compõe O Papagaio e a Galinha para a soprano Catarina Molder. Toca o Concerto para Viola e Orquestra com a Orquesta de Extremadura em Badajoz e Cáceres. Faz a 1ª gravação mundial do Quarteto em Sol Maior de Viana da Mota para um CD do Quarteto Lacerda. Promove a estreia em Portugal de O Aniversário da Infanta de Franz Schreker, no âmbito do Cistermúsica. Estreia da sua versão portuguesa de Hansel und Gretel no Teatro da Trindade. Publicação do livro "A Culpa é do Maestro". Publicação do catálogo do Museu da Música com ensaio sobre a obra de Frederico de Freitas.
2002 – Estreia com o Quarteto Lacerda o Quarteto nº 2 (incompleto) de Frederico de Freitas. Torna-se diretor artístico do Cistermúsica / Festival de Música de Alcobaça, que será programado por si ao longo de 18 edições e abre nesse ano com a estreia mundial da abertura Inês de Castro de Viana da Mota. Estreia como solista o concerto The vigil of the angels, de Ivan Moody, que lhe é dedicado. Faz recitais com Álvaro Lopes Ferreira e conferências sobre a sinfonia em Portugal em Roma e L’Aquila. Começa a compor a ópera A Rainha Louca. 2ª edição do livro A Sinfonia em Portugal (Editorial Caminho).
2001 – Inaugura com o Quarteto Lacerda a nova fórmula de concertos comentados do CCB. É compositor convidado no Festival de Maastricht, onde se executam sete obras suas, incluindo o Concerto para Viola, que toca como solista. Atua com Bruno Belthoise no Centre Gulbenkian em Paris. Toca o Concerto para Violeta e Orquestra com a Orquestra Sinfónica Portuguesa. Compõe Poema de Deus e do Diabo para o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Grava em Paris a Sonatina de Armando José Fernandes, com o pianista Bruno Belthoise. 1ª edição do livro A Sinfonia em Portugal, promovida pelo Ministério da Cultura.
2000 – Revela a existência do compositor modernista Carlos de Andrade (seu bisavô) através de um concerto no CCB. Estreia Penélope no Cais da Rocha de Eugénio Rodrigues. Compõe Pequena Suite Laurissilva para um CD comemorativo da classificação da Floresta Laurissilva da Madeira pela UNESCO. Compõe o Concerto para Viola e Orquestra para o Festival de Coimbra, estreando-o como solista com a Orquestra Gulbenkian. Compõe Peças Fáceis para a FMAC, Bamboleio para piano solo e Cansonâncias para o Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
1999 – Compõe Tresvariações para a Orquestra Gulbenkian e Suite ‘A Varanda do Frangipani’ para um espetáculo do Teatro Meridional. Realiza conferência sobre Luís de Freitas Branco em Roma. Escreve ensaio sobre A Lenda dos Bailarins de Frederico de Freitas. Digressão do Quarteto Lacerda nos Açores. Estreia dos Dois Poemas de Camões. O Quarteto Arditti grava o seu Quarteto de Cordas.
1998 – Atua com o Quarteto Lacerda em Madrid, tocando o seu Quarteto de Cordas. Estreia Alap-jor-jhala-gat de João Pedro Oliveira. O TNSC dedica-lhe um concerto monográfico no Salão Nobre.
1997 – Compõe Dueto para Cravo e Marimba para os Encontros Gulbenkian. Compõe Burlesca para o Duo Contracello, que a grava em CD. Atua com o Quarteto Lacerda em Londres. O Doido e a Morte é levado à cena na Bienal de Cascais e no Festival da Póvoa do Varzim (direção de António Saiote, encenação de Pedro Wilson).
1996 - Compõe Quién Me Libra... para guitarra. Inicia nova série do "A Propósito da Música", como colaborador da Antena 2. Termina o curso médio de alemão do Goethe Institut (10º grau). Dirige O Doido e a Morte e Savitri de Gustav Holst numa produção em inglês da companhia NeueOpernbühne em Berlim (encenação de Alexander Paeffgen).
1995 - Rescinde do contrato como viola tutti da Orquestra Gulbenkian. Compõe a Suite 'O Doido e a Morte’ para flauta e marimba e Pequena Obsessão Compulsiva para piano solo. Frequenta um seminário para agentes culturais em Weimar, a convite do Goethe Institut.
1994 – Dirige a estreia de O Doido e a Morte no Teatro Nacional de São Carlos (encenação de Pedro Wilson). Langará é peça obrigatória no Concurso Internacional de Música para a Juventude. Compõe Escaramuça para a Clerkenwell Music Series, a cuja estreia assiste em Londres.
1993 – Completa o curso básico de alemão do Goethe Institut (6º grau). É convidado com Jorge Peixinho a representar a delegação portuguesa de SIMC nos World Music Days no México, onde é executada Antagonia. Compõe a ópera de câmara O Doido e a Morte para Lisboa 94, durante uma licença sem vencimento da Orquestra Gulbenkian.
1992 - Vence o Prémio João de Freitas Branco / Fidelidade com Evoluções na Paisagem, incluindo o prémio do júri e o prémio votado pela assistência. Compôõe Langará para clarinete. Compõe The Panic Flirt para flauta, a cuja estreia assiste no Festival de Presteigne (País de Gales). Rescinde o contrato como realizador do quadro da RDP.
1991 – Compõe o Quarteto para Contrabaixos, estreado num concerto monográfico promovido pelo Clube Português de Artes e Ideias. Compõe o Quarteto de Cordas com uma bolsa do Centro Nacional de Cultura. É ppromovido a realizador da Antena 2. Ingressa na Orquestra Gulbenkian como viola tutti. É convidado, com João Pedro Oliveira, a assistir ao festival "Outono de Varsóvia".
1990 - Compõe Antagonia para violoncelo solo e diploma-se com o 1º Prémio de Composição do Conservatório de Nice. Inicia a 1ª série do programa “A Propósito da Música” na Antena 2. Estreia de Turbilhão nos Encontros Gulbenkian. Frequenta o 35º Curso de Darmstadt, onde ouve conferências de John Cage e Iannis Xenákis e toca o Duo para Viola e Clarinete. Organiza com Nuno Barreiros, na RDP, o ciclo “Luís de Freitas Branco”, comemorativo do centenário do nascimento do compositor.
1989 - Compõe Evoluções na Paisagem para orquestra. Estreia do Concerto para Flauta e Orquestra pela Orquestra Filarmónica de Nice e recebe a 1ª medalha do 2º ano do curso de composição. Toca com Ravi Shankar na Índia, sob a direção de Zubin Mehta, numa digressão da ECYO. É convidado a lecionar composição no Conservatório Nacional e a ser assistente musical da RDP, optando por entrar para a rádio.
1988 - Compõe o Concerto para Flauta e Orquestra. Integra a Orquestra Juvenil da Comunidade Europeia, tocando Gurrelieder em Berlim sob a direção de Claudio Abbado.
1987 – Compõe Os Nossos Dias para quarteto de sopros, Duo para Violeta e Clarinete, Quarteto para Percussão e Turbilhão para baixo e quarteto de cordas. Vence o Prémio Jovens Músicos como violetista e diploma-se em viola com o 1º Prémio do Conservatório de Cannes.
1986 – Decide trocar o violino pela viola, estudando com Barbara Friedhoff. Como bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura, parte para Nice, onde estuda composição com Jacques Charpentier até 1989. Primeiro artigo publicado na imprensa (A Capital, 15/12/1986).
1985 - Compõe Concerto para Metais. Estuda violino com Vasco Barbosa. Toca pela primeira vez como profissional, num concerto da Orquestra Sinfónica da RDP.
1984 – Compõe Três Momentos para Orquestra, que são estreados pela Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos. Abandona o curso de Ciências Musicais.
1983 – Digressão à Alemanha com a Orquestra Juvenil da FMAC, incluindo execuções de Prelúdio para Cordas em Bonn, Mainz, Freiburg e Siegburg. Conclui o curso geral do Conservatório Nacional como aluno externo (Composição, Violino, Educação Musical, Acústica e História da Música). Conclui o 12º ano no Liceu D. Pedro V. Frequenta o 1º ano do Curso de Ciências Musicais da Universidade Nova, onde tem como professores com João de Freitas Branco (Estética) e Constança Capdeville (Análise e Técnicas de Composição IV). Inicia estudos de alemão no Goethe Institut.
1982 – Compõe Prelúdio para Cordas, estreado pela Orquestra Sinfónica da RDP no Teatro de São Luiz. Frequenta pela 1ª vez o Curso de Música de Barroca da Casa de Mateus, onde estudou com Marie Leonhardt em cada verão até 1985.
1981 - Inicia aulas particulares de composição com Joly Braga Santos, que se prolongam até 1986. Compõe Dois Poemas de Camões para voz e piano. Torna-se professor da Orquestra de Iniciados da FMAC, que dirige até 1986 e para a qual compõe diversas peças simples.
1980 - Estreia de Versato para cordas pela Orquestra Juvenil da FMAC, sob a direção de Leonardo de Barros.
1978 – Primeiro concerto com a Orquestra de Iniciados da FMAC, na Aula Magna.
1977 – Inicia os estudos de violino na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, incentivado pela pianista Fátima Fraga. Começa a compor de forma intuitiva, incentivado pela professora de solfejo, Deodata Henriques.
ÓPERAS
"Felizmente Há Luar" (2023-2024)
Esta nova ópera de Alexandre Delgado baseia-se na aclamada peça "Felizmente Há Luar!" de Luís de Sttau Monteiro, escrita em 1961. A obra retrata de forma alegórica a resistência contra a ditadura do Estado Novo. Inspirada na figura histórica do general Gomes Freire de Andrade, que foi condenado à morte pelo regime absolutista, a peça faz uma crítica velada ao regime salazarista, abordando temas universais como a liberdade, o poder, a coragem e a luta contra a opressão. A ópera foi encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa para assinalar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, a revolução que derrubou a ditadura e restaurou a democracia em Portugal. Ao transpor este texto fundamental do teatro português para a linguagem operática, Delgado pretendeu celebrar não só o legado artístico de Sttau Monteiro, como também homenagear o próprio 25 de Abril e os ideais de liberdade que este representou. O compositor combina tradição e técnicas contemporâneas para captar a profundidade emocional da narrativa. Estreada em maio de 2024 no Teatro da Guarda e no Teatro de São Luiz em Lisboa, até outubro a obra é levada a cena em oito cidades do país, num total de dez récitas.
Esta é a primeira adaptação operática da obra-prima de Sttau Monteiro, eternizando musicalmente o seu grito antifascista e incitando reflexões sobre a importância contínua da democracia.
Nota do Autor - Quando o saudoso Joaquim Benite encenou a minha ópera “A Rainha Louca”, em 2011, lançou-me um desafio: queria que eu compusesse uma ópera sobre o meu avô, Humberto Delgado. Mas eu disse-lhe que não era capaz, por ser um assunto demasiado pessoal. (Literalmente: eu tinha cinco meses de gestação quando a minha mãe soube que o pai dela tinha sido assassinado.) Em 2022, o maestro Osvaldo Ferreira lançou-me outro desafio: compor uma ópera sobre o 25 de abril. Também fiquei de pé atrás, desta vez por achar o tema pouco operático e por não querer compor para uma comemoração oficial. Mas lembrei-me de uma peça que podia fazer todo o sentido: “Felizmente Há Luar”. Uma peça sobre a figura histórica do general Gomes Freire, condenado à morte em 1817, nos últimos estertores do regime absolutista. Publicado em 1961, o texto de Luís de Sttau Monteiro era uma metáfora tão evidente do Estado Novo sacudido pelas eleições de 1958, que até os obtusos censores salazaristas a perceberam. Proibida, a peça só pôde ser representada em Portugal depois da revolução. E foi assim que esses dois temas, que antes recusei, me vieram parar às mãos de forma metafórica. Que é como quem diz: operática.
"A Rainha Louca" (2011)
Esta é a segunda ópera de uma “Trilogia da Loucura” projetada por Alexandre Delgado. Tem dois atos e um libreto inspirado na peça "O Tempo Feminino" de Miguel Rovisco, retratando a loucura da rainha D. Maria I. A soberana vive enclausurada num mundo de demência e alucinações, na companhia da sua criada Rosa e confrontada pela gélida Duquesa de Lafões, D. Henriqueta. Três damas da corte também aparecem traçando um retrato delirante da realidade histórica portuguesa.
A ópera transita entre situações cómicas e pungentes, com D. Maria I vivendo os seus devaneios num "século XVIII imaginário", nas palavras do compositor. Este recupera uma harmonia mais tradicional no segundo ato, permeando a partitura com citações que vão Wagner e Bizet e a bandas sonoras de cinema.
Estreada em 2011 no Centro Cultural de Belém, com encenação de Joaquim Benite, e levada à cena também no Brasil, "A Rainha Louca" é considerada uma das mais importantes óperas portuguesas contemporâneas.
Críticas a "A Rainha Louca"
“Alexandre Delgado partiu de um texto para teatro de Miguel Rovisco e fez um libreto onde convergem reflexões (e ironias) sobre um país — Portugal —, interrogações sobre a loucura e a condição humana e dados históricos sobre o reinado de D. Maria I. Figura responsável por algumas obras relevantes — a Academia das Ciências ou a Biblioteca Nacional —, D. Maria I é famosa sobretudo pela longa demência dos seus últimos anos de vida, e a extrema religiosidade que a levou a mandar construir a Basílica da Estrela, em Lisboa.
A ópera de Alexandre Delgado, revendo e resgatando a figura da louca e piedosa D. Maria, viaja por tudo aquilo com assinalável jogo de cintura — a começar pela música, com ‘sons de um século XVIII imaginário’ (das danças de corte à Marselhesa) ao lado de citações da cultura popular (da ópera ao cinema), cruzados com uma linguagem própria — tradicional mas consistente — onde há lugar para drama,divertimento e… uma pontinha de loucura. Ainda bem — é refrescante ver como Alexandre Delgado, compositor que toca, músico que dirige, maestro que divulga (e naturalmente se encarregou ele próprio de dirigir a Orchestrutopica), criou uma pequena e bem construída ópera ligeira, pessimista mas bem humorada, despretensiosa mas séria.”
(Pedro Boléo, in Público, 11/07/2011)
“É inegável o talento de Alexandre Delgado para a ópera. Só lamento que a dispersão necessária para ganhar a vida não lhe permita uma maior dedicação à composição teatral. A primeira peça da sua trilogia operática sobre a loucura, baseada em ‘O Doido e a Morte’ (1923) de Raul Brandão, apareceu nos idos de 1994. Para a segunda, agora estreada no âmbito do Festival de Almada, foi buscar ‘O Tempo Feminino’ — parte da ‘Trilogia Portuguesa’ de Miguel Rovisco (1959-1987) — , cuja protagonista é a nossa rainha louca, D. Maria I. Só desejo que não tenhamos que esperar outros 17 anos pela terceira e última parte, dedicada a El-Rei Dom Sebastião, o causador da nossa desgraça. (…)
Há muito que D. Maria (1734-1816) era um personagem à procura de um compositor. (…) E é ela — numa criação impressionante de Ana Ester Neves — quem inexoravelmente domina ‘A Rainha Louca’, de Delgado. Diga-se já que a linguagem é eminentemente evocativa e dramática, com apropriadas caracterizações tímbricas e harmónicas das figuras principais (todas femininas): a harpa para a protagonista, o cravo para a sua jovem dama de companhia, Henriqueta (casada com o septuagenário Duque de Lafões, tio da Rainha), e a marimba para a criada preta, Rosa (papel falado), a representante do ‘bom selvagem’, alegre, criativo e energético. O adorável século XVIII é também ilustrado nos ritmos de dança, que permeiam toda a partitura (essencialmente tonal). O ecletismo estende-se às mais variadas citações (eruditas e populares) — da entrada da Rainha da Noite à séguidille da ‘Carmen’, às bandas fílmicas e às canções de Beatriz Costa. Com uma orquestra de câmara de uma dúzia de músicos (à maneira de Britten), o todo está muito bem cerzido e a fluência dramática raramente afrouxa.”
(Jorge Calado in Expresso, 16/07/2011)
"O Doido e a Morte" (1994)
Esta ópera de câmara em um ato é baseada na famosa farsa homónima de Raul Brandão (1923). Com libreto do próprio Delgado, retrata de forma alegórica a condição humana, cruzando o trágico e o cómico num delírio alucinante.
A trama gira em torno do Governador Civil e do milionário Sr. Milhões. Este último chega com uma caixa que supostamente contém um poderoso explosivo. Pelo meio surge a mulher do Governador, Aninhas. No no final revela-se que a caixa apenas contém algodão e que o Senhor Milhões é um paciente fugido de um hospício.
Com a duração de apenas 30 minutos, a ópera é um tour-de-force de musicalidade e prosódia exemplar na língua portuguesa. Delgado tira proveito das irregularidades do idioma na linha de canto e confere um forte sentido teatral, com cada instrumento como uma espécie de personagem.
Muito elogiada pela crítica desde a sua estreia em 1994 no Teatro Nacional de São Carlos, "O Doido e a Morte" tem sido reencenada diversas vezes em Portugal e no estrangeiro.
Críticas a "O Doido e a Morte"
"A noite de 9 de Novembro no São Carlos deve ficar em lugar glorioso na história do nosso teatro nacional de ópera (...). Alexandre Delgado mostrou-se capaz de defrontar vitoriosamente de um texto-jóia do teatro português, como é O Doido e a Morte., de Raul Brandão. (...) A música de Delgado é um achado na simbiose da orquestração e do canto ou fala em que não há deslizes do princípio ao fim da partitura."
(José Blanc de Portugal, in "Diário de Notícias, 12/11/1994)
"No descalabro geral de encomendas musicais a compositores portugueses por parte de Lisboa-94, uma única memória fica: 'O Doido e a Morte', de Alexandre Delgado, que (...) é caso inédito em mais de 20 anos, de uma ópera que se deseja ver reposta em melhores conduções de produção (...). As soluções instrumentais são assaz interessantes, quando não mesmo brilhantes (...) Um dos aspectos mais salientes da obra é a proeminência e diversidade rítmica (...)"
(Augusto M. Seabra, in "Público", 13/11/1994)
"O mais fascinante é que, enquanto dura, não existem quebras de tensão, não há momentos mortos. Nesse aspecto, em muito conta a natureza incisiva do tratamento do texto, o qual funciona como como polo de atracção onde se conjugam música e encenação. Em termos musicais, a prosódia da vocalidade sustenta-se na imaginativa base instrumental utilizada (...)."
(Filipe Mesquita de Oliveira, in "Expresso", 19/11/1994)
"Não falta, na verdade, a Alexandre Delgado o sentido da gestualidade teatral, tanto mais que a soube servir com economia de meios. (...) Mas o contributo mais inovador ou mais original incide sobretudo na dimensão fonético-musical. Alexandre Delgado observou as correlações entre entoações típicas do português falado e as situações comunicacionais envolvendo interlocutores com diferentes perfis psicológicos e sociais (...) e construiu a partir daí a vocalidade das personagens."
(Mário Vieira de Carvalho, in "Jornal de Letras", 23/11/1994)
"A farsa homónima de Raul Brandão foi posta em música com particular brilho e sentido de humor. Alexandre delgado prova, além disso, que a língua portuguesa não é assim tão imprópria para o consumo operático como é habitual dizer-se. E, com esta sua primeira incursão no género, prometeu ter capacidade para vir a ser o melhor compositor português de ópera depois (e a par) do seu mestre Joly Braga Santos."
(Carlos Pontes Leça, in "Colóquio-Artes nº 104, janeiro/março 1995)
OBRA MUSICAL COMPLETA
PIANO SOLO
Prelúdio para piano (1982) 5’
Três Momentos para piano solo (1984) 7’
Concertino para piano solo [Concerto para Metais] (1985) 15’
Pequena Obsessão Compulsiva para piano solo (1995) 1’
Meditando para piano solo (2000) 1’
Bamboleio para piano solo (1997-2000) 8’
INSTRUMENTO SOLO
Antagonia para violoncelo solo (ou violeta) (1990) 8’
The Panic Flirt para flauta solo (1992) 6’
Langará para clarinete solo (1992) 6’
Suite «A Varanda do Frangipani» para violoncelo solo (ou violeta) (1999) 7’
Cantilena para violino solo (ou violeta) (2000) 1’
Deia para violino solo (ou violeta) (2000) 1’
Ondeando para violoncelo solo (2000) 1’
São Rock para violoncelo solo (2000) 1’
Trica para contrabaixo solo (2000) 1’
Quièn me libra... para guitarra solo (1996) 2’
Rumba Palaciano para guitarra solo (2000)
Tocarola para saxofone solo (2017) 2’
MÚSICA DE CÂMARA
Prelúdio para quarteto de cordas (1982) 5’
Concerto para Metais (2 trompetes, 2 trompas, 2 trombones, tuba) (1985) 15’
Quarteto Breve para percussão (1987) 4’
Duo para Viola e Clarinete (1987) 5’
Os Nossos Dias para flauta, oboé, trompa e fagote (1987) 12’
Quarteto para Contrabaixos (1991) 6’
Burlesca para violoncelo e contrabaixo (1991) 6’
Quarteto de Cordas (1991) 11’
Suite «O Doido e a Morte» para flauta e marimba/vibrafone (1995) 7’
Dueto para Cravo e Marimba (1997) 8’
Pequena Suite Laurissilva para quarteto de cordas (2001) 6’
Sintonia para duas flautas (2007) 3’
Canteto para piano, violino, viola, violoncelo e contrabaixo (2007) 7'
Canteto para piano, violino, viola e violoncelo (2007) 7’
Trio Camoniano para violino, violoncelo e piano (2017) 10’
Sonata Adamastor para tuba (ou trompa) e piano (2017) 20’
Samambaia para acordeão e quarteto de cordas (2020) 12’
Concerto para Viola e Piano (2020) 20’
Balada dos Quatro Cantos para quinteto de sopros (2023) 30’
ORQUESTRA DE CORDAS
Versato para orquestra de cordas (1980) 5’
Prelúdio para orquestra de cordas (1982) 5’
Escaramuça para orquestra de cordas (1994) 7’
Pequena Suite Laurissilva para orquestra de cordas (2001) 6’
ORQUESTRA CLÁSSICA
Tresvariações para orquestra (1999) 10’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Abertura ‘A Rainha Louca’ para orquestra (2004) 7’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
ORQUESTRA SINFÓNICA
Três Momentos para orquestra (1984) 7’
(2-2-2-2, 4 trompas, 3 tpt, 3 trbn, 1 tb, 3 perc., celesta, cordas)
Verdiana para orquestra (2013) 10’
(2-2-2-2, 4 trompas, 3 trbn, 1 tb, harpa, cordas)
ORQUESTRA DE SOPROS
Melopeia para ensemble de sopros e percussão (2021) 8’
(2 fl., 1 ob., 2 cl., 4 sax. 1 trompa, 2 trpt., 1 trbn, 1 tuba e 1 percuss.)
MÚSICA CONCERTANTE
Concerto para Flauta e Orquestra (1988) 22’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Concerto para Viola e Orquestra (2000 / versão revista 2020) 15’
(2 fl. [+fl sol], 2 ob. [+ c.ing.], 2 cl. [+ cl.b.], 2 fg. [+ cfg], 2 trompas, cordas)
VOZ E PIANO
Dois poemas de Camões para soprano e piano (Luís de Camões) (1981) 5’
Poema de Deus e do Diabo para baixo e piano (José Régio) (2001) 10’
O Papagaio e a Galinha (Bocage), para soprano e piano (2003) 5’
Mistério para mezzo e piano (Florbela Espanca) (2006) 3'
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e piano (Luís de Camões, António Ferreira, D. Manuel de Portugal, Estêvão Rodrigues de Castro) (2011) 11'
Tríptico Camoniano para soprano ou tenor e piano (Luís de Camões) (2012) 10’
Canções do Bobo para tenor e piano (Shakespeare) (2019) 8’
Es Lisboa una Octava Maravilla para barítono e piano (Tirso de Molina) (2019) 12’
Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e piano (Alexandre Delgado)(2019) 15’
Os Ingleses Fumam Cachimbo para mezzo e piano (Almada Negreiros) (2021) 10’
VOZ E GRUPO INSTRUMENTAL
Turbilhão para baixo e quarteto de cordas (Mário de Sá Carneiro) (1987) 10’
Poema de Deus e do Diabo para baixo, flauta, clarinete, harpa, violino e violoncelo (José Régio) (2001) 10’
O Papagaio e a Galinha para soprano, quinteto de sopros e quinteto de cordas (Bocage) (2004) 5’
Santo Asinha, lenda para barítono e piano (Iva Delgado / Frederico Lourenço) (2010) 20'
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e quinteto de cordas (2011) 11'
Tríptico Camoniano para soprano ou tenor e trio com piano (Luís de Camões) (2012) 10’
Canções do Bobo para tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo e piano (Shakespeare) (2019) 8’
Rei Lear para tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo, piano e legendagem (Shakespeare) (2019) 60’
Es Lisboa una Octava Maravilla para barítono, flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano
(Tirso de Molina) (2019) 12’
Os Ingleses Fumam Cachimbo para mezzo e ensemble (Almada Negreiros) (2021) 10’
(fl., cl., vl., vc., harpa, 1 percuss.)
VOZ E ORQUESTRA
Santo Asinha, lenda para barítono e orquestra (Iva Delgado / Frederico Lourenço) (2010) 20'
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
Ciclo Quinhentista para soprano ou tenor e orquestra de cordas (2011) 11'
Vida e Milagres de Dona Isabel para soprano e orquestra (Alexandre Delgado)(2019) 15’
(2-2-2-2, 2 trompas, cordas)
NARRADOR E PIANO
O Romance da Raposa (Aquilino Ribeiro) para narrador e piano (2018) 40’
OBRAS MUSICO-TEATRAIS
O Romance da Raposa (Aquilino Ribeiro) para quatro atores e piano (2018) 40’
Rei Lear (Shakespeare, Álvaro Cunhal trad.) para cinco atores, tenor, oboé, clarinete, trompa, violoncelo e piano (2019) 60’
ÓPERAS
O Doido e a Morte, ópera de câmara em um ato (Alexandre Delgado, a partir de Raul Brandão) (1993) 30’
(mezzo, tenor, barítono, ator, fl.sol, cl.lá, cl.b., cfg., cravo, vl. va., vc., cb. )
A Rainha Louca, ópera de câmara em dois atos (Alexandre Delgado, a partir de Miguel Rovisco) (2009) 60’
(3 sopranos, 1 mezzo, 1 atriz, fl., ob., cl., fg., cravo, marimba, harpa, 2 vl., va, vc. e cb.)
Felizmente Há Luar, ópera em dois atos (Alexandre Delgado, a partir de Luís de Sttau Monteiro) (2024) 1h20
(2 sopranos, 2 tenores, 2 barítonos, 1 baixo, coro, orquestra)
[2 fl., 2 ob., 2 cl., 2 fg., 2 tr., 2 trpt., 1 trbn., harpa, 2 perc., cordas]
CORO A CAPPELLA
Cansonâncias para coro misto (2000) 6’
CORO E PIANO
Baila, Bailarino para coro infantil e piano (José Régio) (2015) 7’
Instrumentário para coro infantil e piano (Camilo Pessanha) (2016) 6’
O Pequeno Abeto para coro infantil e piano (Hans Christian Andersen) (2017) 45’
O Soldadinho de Chumbo para coro infantil e piano (Hans Christian Andersen) (2017) 30’
Es Lisboa una Octava Maravilla para coro e piano (Tirso de Molina) (2020) 12’
Balada dos Quatros Cantos para coro infantil e piano (Alexandre Delgado) (2022) 30’
CORO E GRUPO INSTRUMENTAL
Baila, Bailarino para coro infantil e grupo instrumental (José Régio) (2015) 7’
(cravo, flauta, clarinete, marimba e quinteto de cordas)
Balada dos Quatros Cantos para coro e quinteto de sopros (2022) 30’
CORO E ORQUESTRA
Baila, Bailarino para coro infantil e orquestra (José Régio) (2015) 7’
(cravo, flauta, clarinete, marimba e cordas)
Instrumentário para coro, piano e orquestra (Camilo Pessanha) (2016) 6’
(fl., ob., cl., orquestra de cordas)
O Pequeno Abeto para coro, narrador, piano e orquestra (Hans Christian Andersen) (2017) 45’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, 2 marimbas, percussão e orquestra de cordas)
O Soldadinho de Chumbo para coro infantil, narrador, piano e orquestra (Hans Christian Andersen) (2017) 30’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, orquestra de cordas)
Es Lisboa una Octava Maravilla para coro, piano e orquestra (Tirso de Molina) (2020) 12’
(fl., ob., cl., orquestra de guitarras, orquestra de cordas)
Balada dos Quatros Cantos para coro infantil, piano, quinteto de sopros e orquestra de cordas (2022) 30’
NOTÍCIAS e ENTREVISTAS
Entrevista SMARTx (2024): Alexandre Delgado: uma vida dedicada à arte da composição musical
Sala Cecília Meireles (2023): Conversa de Intervalo com Alexandre Delgado
TV Amadora (2023): Música e Teatro Promovem Inclusão e Celebram Intergeracionalidade
Presidência da República Portuguesa (2023): Programa “Músicos no Palácio de Belém” com Alexandre Delgado
Educast by FCCN (2023): Entre Nós: entrevista a Alexandre Delgado
Orquestra Consonância (2019): Entrevista a Alexandre Delgado / Concerto comemorativo dos 150 anos do nascimento do Komitas
Teatro Municipal Joaquim Benite (2009): Doidos muito lá em casa - entrevista a Alexandre Delgado
Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa (2004): Entrevista a Alexandre Delgado
RTP (2007): Alexandre Delgado e José Tolentino Mendonça conversam sobre o silêncio, e sobre o seu lugar na poesia e na música.
RTP (2007): Entrevista a Alexandre Delgado
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Alexandre Delgado é um dos compositores portugueses mais proeminentes e criativos da atualidade. O seu trabalho audacioso tem expandido os caminhos da música erudita contemporânea, numa fusão entre a tradição tonal e uma linguagem contrapontística e moderna.
Para Alexandre Delgado, a melodia ocupa um lugar central na sua conceção musical, sendo de preferência memorizável e cantável. Gosta de compor sobrepondo várias linhas melódicas que se interligam, criando obras com forte caráter temático e narrativo.
O seu repertório abrange desde obras de música de câmara a grandes obras vocais e orquestrais, com destaque para as óperas de câmara O Doido e a Morte (1993) e A Rainha Louca (2009), aclamadas pela crítica e levadas à cena múltiplas vezes em Portugal e no Brasil.
Em 2014, no âmbito da comemoração dos 25 anos do 25 de Abril, estreou a ópera Felizmente Há Luar!, que a revista OperaWire classificou como "uma extraordinária nova ópera".
"Alexandre Delgado tem um profundo conhecimento e prazer pela composição instrumental, cujo rigor e eficácia revelam uma dimensão estruturada e apaixonada que determina o seu «pensamento» de compositor.” José Ribeiro da Fonte